
Mesmo com a instalação recente de novos contêineres exclusivos para lixo reciclável (de cor verde), os equipamentos para resíduos orgânicos seguem recebendo descarte irregular. Na manhã desta terça-feira (25), Zero Hora circulou por pontos do Menino Deus, Centro, Cidade Baixa, Praia de Belas e Bom Fim, alguns dos bairros onde a prefeitura iniciou o teste dos novos modelos. Serão instalados 450 destinados ao lixo reciclável e outros 450 para lixo orgânico, no estilo boca de lobo.
A situação mais crítica foi encontrada na Rua José de Alencar, no trecho entre a Gonçalves Dias e José de Alencar. Às 7h30min, havia restos de comida e até fezes de animais misturadas às caixas em frente a um contêiner de lixo orgânico. Três metros ao lado, o compartimento de lixo reciclável aparentemente estava recebendo os resíduos adequados.
A percepção sobre o mau uso dos equipamentos é compartilhada por outros moradores da Capital.
— O grande problema disso são os próprios moradores, que colocam de tudo. Esses dias tinha até cama ali — constatou o zelador de um prédio da Rua Duque de Caxias, no Centro, que não quis se identificar.
Os moradores não colocam o lixo direito, daí vem o pessoal da rua e rasga tudo. Os contêineres são bons, mas o procedimento é ruim
VALMOR SAMUEL
Comerciante
Na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua 17 de Junho, no bairro Menino Deus, o problema se repetia. Chamava atenção a quantidade de resíduos orgânicos obstruindo a calçada. Diversas caixas com resto de cebola espalhadas faziam o cheiro ruim se espalhar a poucos metros das janelas de um prédio. Ao lado, o contêiner verde estava praticamente vazio.
Morador da região, o assistente jurídico Márcio Alan Sakis também reclamou do vandalismo em alguns equipamentos. Na semana passada, a lixeira verde foi tombada e aberta por baixo.
— A lixeira daqui sempre está virada, pela manhã. Antes era só o lixo orgânico, mas agora com a lixeira reciclada também algumas vezes fica virada pelo morador de rua — disse.
Neste mesmo local, enquanto a reportagem estava lá, uma equipe do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) chegou para recolher o lixo da calçada. Logo em seguida, um segundo caminhão com água veio para lavar os resíduos que permaneceram acumulados.

DMLU pede conscientização
Responsável pela limpeza da Capital, o DMLU afirma que quatro equipes de educação ambiental foram contratadas para circular nos pontos mais críticos, para conscientizar a população.
— A equipe vai sensibilizar as pessoas, moradores, comerciantes, empresários daquela região impactada, demonstrando inclusive o QRcode que as pessoas podem acessar para pedir pequenas intervenções de limpeza ao redor e consertos, mas principalmente sensibilizando ao descarte correto — disse o diretor-geral do DMLU, Carlos Hundertmarker.
Até o momento, foram colocados cerca de 160 equipamentos verdes. Já os boca de lobo para resíduos orgânicos devem ser inaugurados a partir do fim de semana. A expectativa do DMLU é finalizar a instalação no dia 3 de abril.
Nesta terça-feira, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o prefeito Sebastião Melo afirmou que, caso o teste dê certo, esses equipamentos serão ampliados para outros pontos da cidade.

— Na medida em que também esses contêineres forem dando certo, a gente não vai mudar os contêineres, vai mudar só as tampas — prometeu o prefeito.