
Referência em atendimentos para quase todo o Rio Grande do Sul, Porto Alegre apresenta um déficit de R$ 285 milhões na saúde em 2025. Apesar do saldo negativo, o prefeito Sebastião Melo (MDB) afirmou que o sistema na Capital não vai deixar de atender pacientes de outros municípios, mas apresentou duas propostas para solucionar o problema.
A primeira, conforme revelou em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (25), é criar uma "câmara de compensação" financeira. O objetivo é que recursos destinados a municípios do Interior para investimento em saúde sejam repassados a Porto Alegre, conforme moradores destas cidades recebam suporte nas unidades da Capital.
— Eu quero criar uma câmara de compensação. Nós somos referência para 200 municípios do Rio Grande do Sul. Então, tá correto a alta complexidade que Porto Alegre tem de atender. Mesmo que a tabela do SUS esteja defasada, eu não vou descumprir contrato — iniciou o prefeito.
Melo ainda lembrou que parte do custo com o atendimento é bancado com recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e de outros incentivos.
— O que eu não vou permitir mais é bancar custo daqueles municípios que recebem o recurso, que não são referência de município e não pagam Porto Alegre. Isso não é correto, não é justo. Então, eu quero uma câmara de compensação, sim — acrescentou.
Conforme o prefeito, o sistema de saúde de Porto Alegre permite controlar a entrada e saída de pacientes, verificar os atendimentos realizados, o tempo de duração da internação e de qual município o paciente veio. Com isso, seria possível ativar e alimentar o sistema de compensação.
A outra proposta é similar, mas refere-se de maneira mais específica à Região Metropolitana. Melo tem visitado prefeitos de municípios desta área a fim de elaborar um consórcio de saúde para a Grande Porto Alegre.
— Nós temos de ter um consórcio da Grande Porto Alegre. Por quê? Se o sistema de Alvorada não está bem e eu reconheço a dor de Alvorada, de Cachoeirinha (...) Não pode é que esse paciente que deveria, na média e baixíssima complexidade ou até na emergência, ser atendido lá, vir para cá. E o recurso vai para lá! — disse.
Déficit na saúde
Com rombo previsto de R$ 285 milhões na saúde neste ano, Melo alertou que não é possível pagar esta conta sem novas soluções:
— Eu vou ter de restringir serviço. Restringir significa eu diminuir recurso daquilo que eu estou pagando. Isso vai doer no Interior, vai doer na Grande Porto Alegre, vai doer em Porto Alegre.
Conforme o prefeito da Capital, 70% das unidades de terapia intensiva (UTI) especializadas no atendimento de queimaduras em Porto Alegre são ocupadas por pacientes do Interior atualmente.
— Porto Alegre, nos últimos anos, tem média de 10 UTIs de queimados ocupadas e 70% desta ocupação vem do Interior ou da Grande Porto Alegre. Hoje, a União banca R$ 800 a diária em quarto de UTI, o Estado banca R$ 330 em quatro UTI. Isso significa que R$ 6,8 mil por dia de cada UTI é a prefeitura sozinha que banca.
O prefeito explicou que o anúncio do governador Eduardo Leite, de que irá triplicar o investimento do Estado na saúde de Porto Alegre, vai aumentar para R$ 1 mil a fatia bancada pelo governo estadual nas UTIs. Melo comemorou o resultado da reunião com o governador, realizada na segunda-feira (24).