
Durante agenda em Porto Alegre nesta terça-feira (11), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou da 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul.
No evento, que segue até esta quarta-feira (12) na sede da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), a ministra citou os impactos climáticos no RS, estado que, segundo ela, "é mais vulnerável à mudança do clima", detalhou prioridades da pasta e disse que mundo vive "pedagogia da dor" após preterir alertas ambientais.
A ministra também discursou no evento, relembrando que o RS está se recuperando da pior tragédia relacionada ao clima já enfrentada, marcada por chuvas torrenciais e enchentes no ano passado. Mesmo assim, um novo efeito já é observado: a estiagem em mais de 200 municípios gaúchos.
Segundo Marina, isso seria um reflexo da emergência ambiental que afeta não apenas o Rio Grande do Sul, mas também diversos pontos do planeta.
— Existe uma pedagogia que está acontecendo no mundo que eu chamo de pedagogia da dor, a pedagogia do luto. A gente deveria aprender pelo amor. É bom ter a natureza preservada, tudo funcionando bem (...) Quando isso não acontece, vem a dor. Quando nem pela dor conseguimos nos mobilizar, alguma coisa está errada. E não está errada com a natureza, mas com a gente — disse a ministra.
Ela destacou que alertas sobre a emergência climática são emitidos pela ciência e por especialistas há muitas décadas, porém, são recorrentemente preteridos.
— A humanidade nos últimos 300, 400 anos transformou natureza em dinheiro. Agora, chegou a hora de usar o dinheiro para restaurar a natureza e devolver a vida para os nossos jovens, para as nossas crianças, para a gente poder ter um futuro. Isso é um mutirão que precisa ser feito — defendeu.
Prioridades ambientais
Após transitar entre os grupos de trabalho da conferência, dedicados a pensar estratégias ambientais para a reconstrução e desenvolvimento do RS, Marina Silva conversou com jornalistas. À imprensa, ela demonstrou entusiasmo com a mobilização gaúcha pela mitigação dos efeitos climáticos, que soma mais da metade das cidades realizando conferências municipais sobre o tema.
Na sequência, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima contextualizou as três grandes agendas ambientais que estão sendo tratadas como prioridade pelo governo federal:
— Agenda de mitigação, tem que reduzir a emissão do CO2, senão a situação só vai se agravar. Agenda de adaptação, porque já estamos vivendo sobre os efeitos da mudança do clima, então, os sistemas agrícolas têm que ficar adaptados, a infraestrutura tem que ser adaptada, todos os nossos procedimentos precisam. E a agenda de transformação. A transformação do modelo insustentável de desenvolvimento — detalhou.
De acordo com Marina, essas três agendas combinadas devem ajudar a salvar a vida humana e as outras formas de vida.
Zero Hora questionou Marina Silva sobre os próximos planos ambientais do governo federal para o Rio Grande do Sul, que é um dos Estados mais impactados pelas mudanças climáticas no Brasil. A ministra não explicou o que será feito a nível nacional para mitigar futuros eventos extremos e afirmou que o RS é "um Estado estruturado" e que todas as medidas deverão ser tomadas "em parceria" entre os governos federal e estadual.
— Existe um Estado que tem responsabilidade em relação à agenda ambiental, à agenda econômica, à agenda social. Essas parcerias estão estabelecidas. Tanto é que, no caso da dívida do RS, houve um trabalho para que essa dívida seja suspensa, para que esses recursos do pagamento da dívida sejam utilizados na reconstrução. Todos os projetos voltados para a parte de drenagem, de encosta, de recuperação de marco auxiliar terão um trabalho em parceria — disse, após expor, durante a tarde, a importância do trabalho governamental para o combate às mudanças climáticas.