
A Brigada Militar afirma que teria condições de preservar a segurança em eventos de rua durante o período de Carnaval no Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. A prefeitura da Capital proibiu as festividades no bairro neste ano alegando "impossibilidade de garantir segurança dos frequentadores, moradores e comerciantes".
Questionado sobre o assunto nesta quarta-feira (5), durante o balanço das ações de Carnaval, o comandante da BM, coronel Cláudio Feoli, disse que a razão do impeditivo foi uma recomendação do Ministério Público, que cita problemas que ocorreram em 2015:
— Tem uma contextualização que motivou a orientação do Ministério Público, que foi acolhida pela prefeitura. Da nossa parte, a Brigada Militar esteve presente tanto no bairro Cidade Baixa quanto em todos os locais de concentração de público, inclusive com os eventos esportivos.
Perguntado novamente se a corporação teria condições de garantir a segurança do evento, Feoli assentiu:
— A Brigada Militar está apta para atender qualquer demanda de segurança pública no Estado do Rio Grande do Sul.
Após a manifestação do comandante, o governador Eduardo Leite pediu a palavra, alegando que o tema "adquire contornos de exploração política de diversas formas".
Leite mencionou que o efetivo da BM esteve presente em eventos carnavalescos em diversas cidades gaúchas e ponderou que a definição sobre como serão os eventos de Carnaval cabe aos municípios. Segundo ele, caso a prefeitura decida organizar atividades na Cidade Baixa no Carnaval de 2026, o Estado estará presente para garantir a segurança:
— Particularmente, sou um apreciador do Carnaval, do Carnaval de rua, inclusive. E acho que a cidade de Porto Alegre merece ter um belíssimo Carnaval para ser desfrutado pelas pessoas. Mas não é uma atribuição do governo do Estado definir como isso vai se organizar. Uma vez que se organize, nós estaremos juntos para garantir a segurança que a população merece — afirmou o governador.
Restrição e reação
A ausência de festividades de carnaval foi questionada por blocos e pelos foliões da Capital. A prefeitura justificou a proibição alegando que seria impossível "garantir a segurança dos frequentadores, moradores e comerciantes".
A decisão acolheu uma recomendação do Ministério Público, que recebeu queixas de moradores do bairro. Na recomendação, o MP menciona o relatório “Carnaval de Rua de Porto Alegre 2015”, elaborado pela Brigada Militar, que lista uma série de obstáculos à realização do evento de rua.
Entre eles, o fato de as vias serem estreitas, o que dificulta a saída dos foliões em caso de urgência, e de haver residências com janelas junto às calçadas, o que aumenta a perturbação do sossego público.
Em sentido oposto à restrição, a secretária de Cultura, Liliana Cardoso, se disse favorável à realização de eventos de Carnaval no bairro.
Mesmo sem desfiles oficiais, houve concentração de pessoas na noite de sexta-feira e na madrugada de sábado. Na ocasião, foi registrado um confronto entre foliões e brigadianos. Na terça-feira (4), houve protesto na Lima e Silva contra a proibição dos desfiles a realização de blocos e suposta truculência em abordagens policiais. O ato bloqueou a via por cerca de uma hora.