Segue travado o projeto de modernização da Rua João Alfredo, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. O que falta para a ideia avançar, segundo a prefeitura, é disponibilidade de recursos. O Executivo afirma que os estudos para dar sequência à obra estão prontos e que busca um financiamento para a execução.
A ideia de transformar a via em uma "Rua Completa" surgiu ainda em 2017, quando o prefeito era Nelson Marchezan Jr., que chegou a executar parte do trabalho. Porém, de lá para cá, com a troca de gestão na prefeitura, houve revisão do projeto e pouco avanço prático. Enquanto isso, parte do que foi feito em 2019 já precisa de reparos.
A proposta previa a construção de um ambiente compartilhado entre frequentadores do bairro, visando melhorar o convívio entre motoristas, pedestres, comerciantes e moradores.
A execução se daria em duas etapas: a primeira, já concluída, foi chamada de Urbanismo Tático. Ela previa a melhoria da sinalização viária, com pinturas no asfalto para diminuir o espaço (e consequentemente a velocidade) dos veículos e aumentar a circulação de pedestres. Chegaram a ser feitos recuos na pista, sinalizados com tinta verde, e rotatórias ao longo dos 650 metros de extensão da rua.
Nesta segunda-feira (10), a reportagem de Zero Hora esteve na João Alfredo para conferir como está a primeira fase da obra seis anos depois de ser entregue. Em algumas partes, pouco se vê da tinta verde aplicada no asfalto para ampliar o espaço dos pedestres. Vasos de plantas estão quebrados ou com pichação, e parte da vegetação está morta. Uma rotatória maior, feita no cruzamento com a Rua da República, ainda está bem cuidada e com arbustos no centro da construção.
"O projeto, implantando na primeira etapa através de urbanismo tático, que já trouxe uma redução significativa nos sinistros de trânsito naquela localidade, busca a distribuição do espaço de forma democrática, contemplando carros, pedestres e transporte público", disse a prefeitura em nota (leia a íntegra abaixo).
![André Ávila / Agencia RBS André Ávila / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/4/6/0/1/4/1/5_953c9fc949b8505/5141064_aa23c99a680da20.jpg?w=700)
Segunda fase
A segunda fase seria a de obras permanentes, com ampliação das calçadas em até três vezes, implementando espaços de lazer com bancos e arborização, os chamados parklets. A expectativa era de que a contratação da empresa responsável pelas obras ocorresse em 2022, já na atual gestão.
No entanto, ao chegar à Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), o projeto parou para ser atualizado antes que fosse lançado um edital. À época, a prefeitura alegou que a proposta anterior não considerava os impactos da obra durante a execução, como dificuldade de acesso ao comércio local e desvio do transporte público.
Os estudos para a segunda fase foram feitos pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU) em conjunto com a Smoi. Ficaram prontos no fim de 2023.
Em 2020, a gestão municipal disse que estariam assegurados R$ 3 milhões de investimento para a obra através de um financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), a mesma instituição que financiou a revitalização da orla do Guaíba. Questionada agora se esses recursos ainda poderiam ser acessados, a prefeitura não respondeu até a publicação desta reportagem.
Enquanto isso, no Bom Fim
Outro projeto, menos robusto, chegou a ser implementado no Bom Fim. Nos mesmos moldes de "rua completa", a obra também previa o alargamento da calçada, mas apenas com marcação de tinta amarela. O serviço foi executado pela prefeitura em 2021 com recursos doados pela população, por meio do projeto Troco Amigo, e pelo Mercado Brasco.
No cruzamento das ruas Vasco da Gama e Fernandes Vieira foram instalados mobiliários, como bancos, floreiras e bicicletário. Nessa segunda-feira (10), porém, apenas cinco vasos de plantas ainda estavam no local, sem as mobílias. A pintura no asfalto está desbotada e sem os detalhes em azul previstos nas imagens do projeto divulgado há quatro anos (veja nas fotos acima).
A intervenção se estendeu pelas ruas Vasco da Gama e Irmão José Otão, da Avenida Mariante até a Rua Dr. Barros Cassal. De um lado, no sentido bairro-Centro, foram instaladas ciclovias. Do outro, foram criadas "ilhas" para pedestres. Na prática, o asfalto foi pintado de amarelo, criando mais espaço para caminhar.
O que diz a prefeitura
A Secretaria de Mobilidade Urbana (Smmu) constituiu em 2023, em conjunto com a Secretaria de Obras e Infraestrutura (Smoi), o projeto executivo da rua João Alfredo no conceito de Ruas Completas, que aguarda financiamento para a sua execução.
O projeto, implantando na primeira etapa através de urbanismo tático, que já trouxe uma redução significativa nos sinistros de trânsito naquela localidade, busca a distribuição do espaço de forma democrática, contemplando carros, pedestres e transporte público. A ideia é dar conforto e segurança às pessoas de todas as idades, usuários dos meios de transporte, respeitando o contexto local, a identidade da via e as prioridades da comunidade.