A chuva que não dá trégua faz com que o nível do Guaíba continue em elevação. Como consequência, a água invade ruas, avenidas e casas na região das ilhas, em Porto Alegre. Na cidade vizinha, Eldorado do Sul, o cenário não é diferente. Na manhã desta segunda-feira (25), nas Ilhas, a medição indicava 2m44cm, um leve aumento em relação ao final da tarde de domingo (24). A cota de inundação é de 2m20cm.
Com isso, 43 pessoas estão em abrigos na região das ilhas 28 na escola estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha Grande dos Marinheiros, e 15 na igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada.
Na Ilha da Pintada, as áreas mais alagadas se concentram entre as avenidas Presidente Vargas e Nossa Senhora da Boa Viagem. Em alguns pontos, a água já alcança a altura do peito, e famílias estão ilhadas.
A aposentada Maria Beatriz Portila, 64 anos, já está com o chão da sua casa inundado, e ergueu boa porte dos móveis. Ela e o marido utilizam sacos de areia para impedir o avanço da água.
— Só de bota mesmo pra gente andar aqui dentro de casa. Banho não tem como tomar, porque o meu box está quase todo cheio de água. As coisas estão tudo levantadas, uma bagunça. Mas o que eu vou fazer? A gente tem que tentar fazer o melhor possível — lamenta.
Já a diarista Luana de Souza, 39 anos, já está há uma semana na casa de sua amiga. Por morar em uma casa baixa, alagou rapidamente, e não houve tempo de retirar seus pertences.
— Minha casa tá toda cheia d'água. Minhas coisas ficaram tudo na água. E parece que tá ficando mais crítico, porque tá enchendo cada vez mais — afirma.
Os alagamentos na região persistem há três semanas. Os moradores afirmam que é a pior enchente desde 2015. Com a nova realidade, alguns deles precisam se adaptar para conseguir manter a rotina.
Trator em Eldorado do Sul
Moradores de um condomínio no bairro Picada, em Eldorado do Sul, utilizam um trator com reboque para transportar pessoas que não conseguem se locomover.
A reportagem de GZH acompanhou o trajeto com cinco pessoas retiradas da Rua Martinho Poeta. Um deles é o empresário Matheus Fermann, 38 anos, que se mudou para o município há menos de um mês.
— A gente tem um trator do condomínio, que é quem faz o serviço diário de lixo, de limpeza do condomínio. Mas, ultimamente ele tem servido para buscar os moradores e também dos outros vizinhos aí da rua. Ele tem uns seis horários de ida e de vinda durante o dia, três horários no turno da manhã e mais uns dois horários no turno da tarde—explica.
Em Eldorado do Sul, o número de pessoas que tiveram que deixar suas casas mais que dobrou desde sexta-feira (22). Nesta segunda-feira são 360 pessoas nesta situação, sendo 290 em casas de familiares e 70 no Centro Esportivo Luís Antônio Fontoura dos Santos. Antes do final de semana eram 135. O número de pessoas afetadas passa de 4 mil.