Um relatório da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) identificou os motivos da alteração de aspecto da água captada no Rio Gravataí. No início de fevereiro, moradores de municípios como Gravataí, Alvorada e Viamão alertaram para alterações no aumento da turbidez e da cor da água consumida, apresentando tons amarelados e marrons.
Após um mês de análises, a partir de coletas realizadas em três pontos do rio, foi constatada uma alta presença de matéria orgânica que causa mudança nas características da água. Enquanto a alteração de cor está associada à presença de substâncias conhecidas como ácidos húmicos e fúlvicos. Não há nenhum indício de que o fenômeno piore a qualidade de água.
Os ácidos, segundo o relatório, costumam ser registrados em mananciais com extensas áreas de banhados e vegetação, o que permite a degradação desses resíduos orgânicos. Já a presença significativa de matéria orgânica está diretamente ligada ao período de estiagem que atinge o Rio Grande do Sul, já que os baixos níveis das bacias hidrográficas permitem uma maior exposição desses organismos.
"A presença de alta carga orgânica foi observada principalmente nas regiões de banhados que, devido à seca, permanecem um longo período com diminuição das águas e concentração de material de decomposição de vegetais, animais e sedimentos", explica a Fepam, em nota.
Esses materiais são levados ao leito do rio quando há chuva localizada na área de influência dos afluentes do Rio Gravataí ou elevação do nível d'água, em especial na altura dos arroios Grande e Chico Lomã, associados ao Banhado Grande, unidade de conservação ambiental na Região Metropolitana.
O documento aponta ainda que, nas últimas semanas, a quantidade de carga orgânica baixou devido a uma estabilização dos parâmetros orgânicos. No entanto, as mudanças podem ser novamente notadas caso o nível do rio siga baixo e não haja uma quantidade maior de chuva na região.
Segundo a Corsan, ainda é possível detectar alterações na água captada principalmente nas estações de tratamento Alvorada e Gravataí. A companhia dia que, desde o início do fenômeno, tem tomado medidas durante o processo de tratamento para entregar ao consumidor uma água sem alterações. A principal delas é a diminuição da vazão de tratamento. Em nota, a empresa afirmou que não houve alterações na qualidade do abastecimento e garantiu que as mudanças não causam danos à saúde.