
A prefeitura de Porto Alegre realiza ao longo da tarde desta quinta-feira (10) o processo de cadastramento das famílias que receberão caixas d'água nas regiões mais altas da Zona Leste. Esta é a primeira medida a ser executada após o município decretar situação de emergência em razão de problemas no abastecimento nos bairros Partenon, Vila São José, Vila João Pessoa, Coronel Aparício Borges e Santo Antônio.
Durante a manhã, representantes da prefeitura se reuniram com moradores do Morro da Cruz, a região mais afetada pela falta de abastecimento, e com vereadores que formam uma comissão montada para debater o assunto. No encontro, além da assinatura do decreto, que permite a execução de obras sem a necessidade de licitação, foram definidos os cinco pontos com a situação mais crítica e que serão priorizados na ação.
O primeiro deles é a comunidade Altos da Escola, onde vivem cerca de 350 famílias. Servidores do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) e do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) irão de porta em porta fazer a coleta de informações de cada residência para levantar a quantidade de reservatórios necessários em um primeiro momento.
— A ideia é entender a demanda de cada família, para que possamos fazer a entrega o mais rápido possível. Acreditamos que a distribuição comece já nos próximos dias — afirma o secretário de Habitação e Regularização Fundiária André Machado, que está à frente da comissão.
Embora o trabalho de cadastro ainda esteja sendo realizado, a prefeitura estima que nessa primeira etapa sejam fornecidas cerca de mil caixas d'água de 500 litros cada. Para isso, o município deve contar com a doação do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS).
A instalação desses materiais em cada residência serve como uma alternativa para consumo de água em casos de interrupção no abastecimento, já que o reservatório instalado no morro, com capacidade de 100 mil litros, já não comporta toda a demanda da população. Uma nova estrutura com a mesma capacidade deve ser construída em breve no topo do morro, a 230 metros do nível do mar.
Outra medida que a prefeitura da Capital busca providenciar em caráter emergencial é a substituição da rede de água, para garantir máquinas de bombeamento que garantam uma maior vazão ao chegar nos pontos mais elevados. Segundo Machado, uma equipe de engenheiros deve iniciar nesta sexta-feira (11) um estudo topográfico que servirá de base para a execução da obra. O trabalho, no entanto, possui maior complexidade e pode demorar meses para ser concluído.
— Não queremos mentir para a população, queremos trabalhar, É um processo mais demorado, e não é possível nesse momento estabelecer prazo. Pode demorar um, dois, até três meses — aponta.
O objetivo é que as reuniões da comissão emergencial ocorram semanalmente, pelos próximos 180 dias – tempo de validade do decreto. Ao contrário do primeiro encontro, os próximos devem ser realizados de forma virtual.
Homologação do decreto
Paralelamente, a Defesa Civil da Capital trabalha para concluir o relatório a ser enviado ao Estado e à União para obter o reconhecimento da situação de emergência. Isso permite que os dois governos liberem verbas para auxiliar no combate à falta de chuvas. Por enquanto, as obras partem apenas dos cofres da prefeitura.
No relatório, os agentes devem apresentar os danos reais causados pela estiagem, que segundo a o Executivo, é um dos principais motivos que dificultam o abastecimento em localidades menos acessíveis. Não há prazo para que o pedido seja homologado pelas duas partes. Atualmente, dos 402 municípios gaúchos que já decretaram situação de emergência, 367 já tiveram o reconhecimento do governo gaúcho, e outros 326 do governo federal.