Recém-exonerado do cargo de diretor-geral do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, o cirurgião Amarilio Vieira de Macedo Neto afirma que a razão para o seu afastamento foi uma discordância com a Secretaria Municipal da Saúde em relação ao perfil de sua atuação.
Enquanto o município estaria esperando um foco maior na administração de questões do dia a dia, como gestão de recursos humanos, segundo o cirurgião, ele se concentrava em projetos mais amplos e estratégicos como a busca por uma nova forma de conduzir o estabelecimento e a recuperação do protagonismo do hospital no sistema de saúde do município.
— Nesse sentido, a manifestação do secretário Pablo Stürmer está certa quando diz que foi um realinhamento de equipe — afirma Macedo, que recebeu GaúchaZH em sua sala no Hospital de Clínicas, onde também trabalha.
O ex-diretor sustenta que o HPS perde espaço há muito tempo no sistema de saúde da Capital.
— O hospital vem perdendo protagonismo ao longo de várias administrações municipais. Hoje está com 85 leitos, o menor número de sua história. Uma reforma da enfermaria do segundo andar deverá estar pronta em 2020, quando então o HPS passará a contar com 106 leitos — diz Macedo, lembrando que a unidade já teve mais de 130 vagas.
Um dos meios para a instituição recuperar status e independência seria analisar novos modelos de gestão, conforme o ex-diretor. Ele chegou a custear do próprio bolso viagens para São Paulo onde visitou pronto-socorros que atuam sob o comando de Organizações Sociais (OS). Um eventual novo sistema de administração segue sob estudo da prefeitura
— Entendo que a secretaria ainda quer a mudança na forma de gestão, mas alterações desse tipo em um hospital como o HPS são realmente complexas e demoradas — analisa.
Apesar do descompasso envolvendo o perfil de trabalho, o cirurgião afirma que foi pego de surpresa pela exoneração e, embora se diga confiante no trabalho da atual equipe à frente da Secretaria da Saúde e da nova diretora-geral, Tatiana Ranzolin Breyer, lamenta ter saído justamente quando estão para ocorrer avanços como a criação da nova enfermaria com 21 leitos e o projeto de revitalização estrutural do prédio.
— Acredito que fiz um bom trabalho — resume o médico.
Macedo, que é servidor municipal concursado, revela que vai tirar férias e licença-prêmio. Depois, vai avaliar se volta a trabalhar no HPS ou pede aposentadoria. De qualquer forma, diz que pretende continuar auxiliando a campanha de revitalização do hospital por meio da Fundação Pró-HPS.