Porto Alegre ainda não alcançou 10% dos 495 quilômetros de rede cicloviária previstos no projeto original do Plano Diretor Cicloviário, aprovado há 10 anos. Em 2017, primeiro ano da gestão Nelson Marchezan, os planos da prefeitura incluíam passar da marca de 50 quilômetros, o que não ocorreu até agora – somando ciclovias, ciclofaixa e ciclorrota, há 48 quilômetros reservados às magrelas no município. Marcha lenta que pode desincentivar parcelas importantes da população a aderirem ao meio de transporte sustentável, segundo a oposição.
– Aumentou visivelmente a quantidade de pessoas andando de bicicleta, principalmente mulheres. As ciclovias serviriam para incentivar a andar de bicicleta aquelas pessoas que, com razão, têm medo de andar na rua – ressalta o vereador Marcelo Sgarbossa (PT).
Não há, também, perspectivas de grandes avanços da rede cicloviária até dezembro. Estão em fase final de implantação os trechos nas avenidas Nilópolis (entre as ruas Ijuí e Carazinho) e Nilo Peçanha (entre a Rua Carazinho e a Avenida Carlos Gomes) – faltam colocar balizas e tachões para a segurança nas áreas de refúgio para pedestres. Após essa primeira etapa, serão implantados mais um trecho entre o Viaduto Jaime Caetano Braun e a ciclovia da Unisinos, na Avenida Nilo Peçanha com Alameda Sebastião de Brito, e o trecho da Avenida Nilópolis, na praça Carlos Antônio Arndt (Praça da Encol), entre as ruas Ijuí e a Carazinho, totalizando 1,3 quilometro de ciclovia, que conectará os trechos já existentes. A previsão de entrega é no segundo semestre de 2019.
Ainda para este ano, a prefeitura busca verba por meio de contrapartidas para implantar o trecho da Avenida Ipiranga entre a Avenida Lucas de Oliveira e a Rua Salvador França (1,7 km), completando assim toda a extensão da via. Os projetos já estão prontos. O Executivo também tenta obter recursos para um trecho de 1,3 km na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto.
A justificativa dada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para a lentidão na implantação de ciclovias é falta de recursos. Em razão disso, passa a apostar nas chamadas ciclorrotas, que são modificações na sinalização de vias já existentes, reforçando aos motoristas que é preciso cuidado com o fluxo intenso de ciclistas naquele trecho.
Porém, em razão de que nas ciclorrotas os ciclistas não são protegidos por guarda-corpos ou mesmo por tachões na pista, é preciso escolher as vias mais seguras, em que a velocidade indicada para os carros não ultrapasse a média de 30 km/h. A novidade já saiu do papel em um ponto, em trecho de 300 metros da Rua Saldanha Marinho.
Entenda as diferenças
Ciclovias: 46,6 km (atualmente em toda a Capital)
Infraestrutura cicloviária com espaço exclusivo e com elementos de segregação (segregadores, prismas, meio fio, canteiro). Indicada para vias com maior fluxo e velocidade e, por isso, requerem maior proteção do ciclista, para a sua segurança.
Ciclofaixa: 1,2 km (na Avenida Ecoville)
Infraestrutura cicloviária com espaço exclusivo apenas pintada no pavimento, sem segregadores (no Brasil é comum usar tachões para reforço da pintura). Indicada para vias com velocidade de até 40 km/h.
Ciclorrota: 300 metros (Rua Saldanha Marinho)
Sinalização de rota cicloviária através de legendas no pavimento. O espaço é compartilhado com os demais veículos. Recomendada para vias de até 30 km/h.