Permissionários de lotações de Porto Alegre estão mobilizados para tentar fazer com que a tarifa do transporte seletivo não seja reajustada junto com o aumento da passagem dos ônibus da Capital, conforme previsto em lei. Os valores propostos pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) serão analisados pelo Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu) nesta quinta-feira (21).
– A ATL (Associação dos Transportadores de Passageiros por Lotação) entrou em dezembro com pedido na Cuthab (a Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação da Câmara de Vereadores) para que alterem a lei que hoje atrela a nossa tarifa à dos ônibus. Ano passado tivemos um problema sério por causa de R$ 0,05, que atrapalharia inclusive o troco – diz Rogério Lago, gerente executivo da ATL.
Conforme a legislação vigente desde 2003, a tarifa das lotações tem de ser entre 1,4 e 1,5 vezes maior do que o preço da passagem de ônibus na Capital. Como a EPTC está propondo que o valor dos coletivos fique em R$ 4,70 (um aumento de 9,3%), isso elevaria automaticamente o preço do transporte seletivo para R$ 6,58, no mínimo (R$ 6,60, em valor já arredondado).
Em assembleia nesta terça-feira (19), cerca de 20 pequenos proprietários de veículos das linhas da Zona Norte (Auxiliadora, Sarandi, Guerino-Lindoia, Montserrat e Higienópolis) mostraram-se contrários à nova proposta de tarifa. O grupo está reunindo assinaturas para entregar um apelo ao prefeito Nelson Marchezan para que não aprove o reajuste.
Segundo eles, os prováveis R$ 6,60 "inviabilizam a prestação de serviço, por afastar ainda mais os já escassos passageiros do sistema, gerando baixa ou nula rentabilidade", além de dificultar o custeio da manutenção obrigatória dos veículos. Isso, para eles, torna "impraticável" a atuação para permissionários com pequenas frotas.
— A situação está difícil para todos, mas, para quem é pequeno, é insustentável. Hoje um Uber, com R$ 6,60, te deixa na porta de casa — argumenta Clarimundo Flores, permissionário da linha Guerino-Lindoia e representante do grupo.
Segundo Lago, que vai participar da reunião do Comtu nesta quinta como membro do conselho, há ainda a "concorrência predatória" dos aplicativos. Por isso, também, a categoria pleiteia que o cálculo da passagem possa ser feito a partir de um índice menor - de 1,2 até 1,5 vezes a tarifa do ônibus.
– Com 1,2 poderíamos manter a tarifa hoje. Mas precisamos que o prefeito encaminhe a alteração à Câmara. Esse pedido tem que partir do Executivo - diz Lago, que desvinculou a ATL de qualquer ação particular de permissionários em relação ao assunto. – Até este momento, a ATL não compactua com nenhum tipo de protesto ou paralisação que não seja o de negociar nosso objetivo com a prefeitura. Caso ocorra, não terá a participação da associação.