Bastam alguns passos por vias do bairro Jardim Botânico, em Porto Alegre, para tropeçar em algum tipo de lixo doméstico jogado na calçada. O problema é diário e vem ocorrendo há anos, afirmam moradores, que precisam limpar suas calçadas de sujeiras que não são suas.
O problema foi descrito no aplicativo Pelas Ruas, do Grupo RBS. Conforme relatos, as vias mais afetadas pelo emporcalhamento são a Guilherme Alves, a Bento de Amaral e a Barão do Amazonas. Mesmo que os caminhões de coleta domiciliar e seletiva passem normalmente pela região, os resíduos espalhados no chão são levados — tal como ordena o Código de Limpeza Urbana, que diz que o lixo precisa estar "devidamente acondicionado" para ser recolhido.
Desde 2014, a legislação municipal prevê punição para quem joga lixo no chão ou o coloca em local indevido: a multa vai de R$ 361,30 a R$ 5.780,88. Segundo informações do Portal da Transparência, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) conta com 10 agentes de fiscalização atuando na Capital — segundo a divisão, outros 10 são cedidos por outras secretárias, totalizando 20.
Proprietária de uma editora, Andrea Peccine da Costa, 44 anos, afirma que já viu seu lixo ser vasculhado por catadores e andarilhos. O problema, diz a moradora, é que eles rasgam os plásticos em que os resíduos estão embalados, pegam apenas o que é utilizável e deixam o restante espalhado pelo chão. Ela afirma que registra protocolos pelo 156 com frequência, o que se torna "cansativo" devido à ocorrência quase que diária do problema.
— Tu tens que ver a nhaca que fica o chão. A calçada fica intransitável. Os andarilhos abrem e espalham os lixos para pegar apenas o que é usável. Depois, até o cachorro fica xeretando. Com o vento, espalha ainda mais — afirma.
Tássia Maria Pagnussat, 28 anos, administra uma padaria na Rua Bento de Amaral, no térreo de casa, onde mora há cinco anos. Ela se queixa que a poluição urbana é presente desde que se mudou para o bairro, mas, nos últimos seis meses, tem piorado devido à "demora do DMLU". Os clientes, diz a moradora, acabam se incomodando com o mau cheiro e com a feiura do lixo espalhado a poucos metros do estabelecimento:
— Ficamos de plantão porque os papeleiros vêm e rasgam. Temos um dequezinho na frente da padaria para o cliente sentar, mas, com o lixo do lado, fica feio. A gente junta, mesmo não sendo da nossa calçada, porque é chato para quem compra aqui.
O que diz a prefeitura
Por meio da assessoria de comunicação, o DMLU afirma que tem conhecimento da ação dos "catadores informais" na região. O órgão esclarece que, devido aos pedidos de intensificação da limpeza, a Seção Leste escalou há "alguns meses" uma equipe específica para atender às ruas Bento de Amaral, Guilherme Alves, Barão do Amazonas e os dois lados da Avenida Ipiranga (nas proximidades da Vila Cachorro Sentado, no Partenon) de segunda-feira a sábado, paralelamente às coletas tradicionais.
O DMLU também informa que está sendo planejado "um estudo em conjunto da área operacional com a equipe de educação ambiental" para "sensibilizar a comunidade para uma melhor segregação dos resíduos na região".
Por fim, o órgão solicita o apoio da comunidade para a separação correta dos resíduos secos e orgânicos, "o que ocasiona foco de lixo crônico". Denúncias de irregularidades devem ser encaminhadas pelo telefone 156.
Saiba como usar o aplicativo Pelas Ruas, que é gratuito
1) Para baixar, basta entrar na App Store ou na Play Store e buscar o aplicativo pelo nome.
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Requisitos: iOS 9.0 ou superior (compatível com iPhone, iPad e iPod touch) - Android 4.1 ou superior
2) Ao abrir o aplicativo, a tela inicial mostra a marca Pelas Ruas e solicita o login do usuário. Ele é feito a partir do Facebook ou de conta no Google.
3) Após o acesso, pode ser visualizada a linha do tempo, em que aparecem as postagens dos usuários; é possível acompanhá-las e fazer comentários.
4) Para fazer um post, o usuário pode utilizar uma foto tirada por meio do próprio aplicativo ou da galeria de imagens do celular.
5) Após escolher uma das opções, basta descrever o problema e marcar a localização (por GPS ou a partir de um mapa). É só publicar e aguardar a aprovação: quando isso ocorre, o aplicativo mostra uma notificação.