O cervo encontrado na madrugada desta quarta-feira (15) na Avenida Otto Niemeyer, na zona sul de Porto Alegre, provavelmente era criado em cativeiro. A avaliação é da médica veterinária Thais Michel, chefe do setor de fauna da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Ela diz que o trato do animal com os agentes que o resgataram pode indicar que ele estava acostumado à convivência com humanos.
— O animal (da espécie cervo-axis) parece manso, então provavelmente foi domesticado, criado em cativeiro na Zona Sul, e a pessoa ficou com receio de denúncia. Isso é proibido, porque ele é classificado como espécie exótica e invasora, portanto não pode ser criado ou comercializado, nem transitar pelo território. Há ainda uma possibilidade, remota, de que ele tenha vindo do Parque do Delta do Jacuí, porque há relatos dessa espécie por lá (o local perpassa os municípios de Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita, Triunfo, Charqueadas e Eldorado do Sul). Mas isso é bastante difícil, porque ele teria que ter atravessado todo o Guaíba a nado — afirma.
Thais relata que o cervo deve ficar no cativeiro no Lami, para o qual agentes da da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) o levaram, até quinta (16) ou sexta-feira (17), quando deve ser transferido, de forma permanente, para o Mantenedor de Fauna Silvestre São Braz, em Santa Maria – o dia exato depende das condições de tempo, uma vez que os técnicos querem evitar a viagem sob calor forte. A área, particular, é um dos refúgios para os quais a Sema envia animais em situação de vulnerabilidade.
Animal escapou de equipes de resgate
Apesar de ter sido encontrado na madrugada desta quarta, diz a chefe do setor de fauna da secretaria, o cervo já havia sido visto na terça-feira (14), em uma propriedade no bairro Tristeza, à beira do Guaíba. As secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente chegaram a enviar equipe para resgatá-lo, mas o animal fugiu para o Clube dos Jangadeiros, no mesmo bairro, entrou em uma tubulação que dá acesso ao Guaíba e desapareceu.
A partir de agora, a pasta deve conduzir com a Patrulha Ambiental da Brigada Militar (BM) uma investigação para apurar o possível responsável. Caso for encontrado, o suspeito deve pagar multa e pode ser indiciado. No entanto, Thais admite que a chance de encontrá-lo é pequena:
— É difícil saber quem o criou em cativeiro. Descobrimos que o cervo nada bem, então ele pode ter transitado pelas propriedades na beira do Guaíba e vindo de qualquer uma. O que pode ajudar mesmo é uma denúncia — salienta.