Na tarde desta quinta-feira, carrinheiros realizaram uma marcha até a Câmara Municipal de Porto Alegre para tentar prorrogar o prazo para entrada em vigor da lei que proíbe, a partir de sexta, a circulação de carroças e carrinhos de catadores de lixo reciclável na cidade – a legislação publicada em 2008 estabeleceu um período de oito anos para que os veículos de tração animal e de tração humana fossem banidos.
O objetivo dos manifestantes é pressionar os vereadores para que o novo prazo seja 2022, a partir de uma proposta do vereador Marcelo Sgarbossa (PT). Além disso, os trabalhadores querem a realização de um projeto de inclusão socioeconômica que visa profissionalizar esse tipo de atividade.
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– Não aceitamos esse processo se eles não têm nenhum projeto para nós. Queremos que o nosso trabalho seja valorizado – diz o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis (MNCR) em Porto Alegre, Alex Cardoso.
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A maior preocupação dos profissionais da área é a falta de propostas que ofertem outras oportunidades de trabalho aos 524 trabalhadores cadastrados pelo Sistema de Gerenciamento da Busca Ativa _ destes, 271 atuam somente no Centro e nos bairros Humaitá e Navegantes.
– Nós dependemos disso. Sustento minha família com a reciclagem. Eu vou ganhar bem menos em um depósito no que na rua – relatou Adriana Castro Corvelo, 42 anos, que recolhe lixo nas ruas desde os sete anos.
Com a proibição total, será permitido apenas a circulação de carroças na área rural (extremo-sul da Capital) e na região das Ilhas.
O que diz a prefeitura
A prefeitura da Capital afirma que, por meio do programa Todos Somos Porto Alegre, os carroceiros e carrinheiros podem se candidatar para trabalhar em unidades de triagem de lixo ou fazer cursos de capacitação. A medida também permite que os trabalhadores sejam indenizados após a entrega dos animais e equipamentos.
Conforme a coordenadora do programa, Denise Souza Costa, em abril serão abertas vagas para os trabalhadores em cursos relacionados à reciclagem de lixo. Outras cinco unidades de triagem da Capital serão reestruturadas para permitir maior oferta de emprego. O edital para o início das obras deve ser publicado no fim do mês.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social é a responsável pela inscrição aos cursos e oferta de vagas nas unidades de triagem. Cerca de mil recicladores deixaram a atividade nas ruas desde 2014, segundo a prefeitura.