A circulação de carroças em Porto Alegre está proibida desde o começo de setembro, exceto na região das ilhas do Guaíba e na área rural, nos bairros Lami e Belém. No entanto, ainda é comum encontrar os veículos em algumas regiões da cidade, principalmente nos bairros Rubem Berta, Sarandi, Jardim Leopoldina e na região da Avenida Bento Gonçalves, nos acessos às vilas Cachorro Sentado e Conceição.
Nesses locais, em duas horas, a reportagem flagrou ao menos oito carroças circulando. Muitas delas eram conduzidas por crianças e adolescentes.
Na semana passada, os carroceiros protestaram em frente à prefeitura da Capital. Eles querem um prazo maior para que possam sair das ruas, como foi feito recentemente para os veículos de tração humana, os chamados carrinhos, que tiveram o prazo prorrogado por mais seis meses.
“Estão simplesmente mandando a gente parar de trabalhar. Não é assim. Precisamos de mais tempo”, disse o carroceiro Antônio Faria, morador do Rubem Berta e carroceiro há 30 anos.
A Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC) reconhece que o trabalho não é fácil. De janeiro até agora mais de 100 carroças foram recolhidas pela empresa ou entregues pelos proprietários à prefeitura. A fiscalização tem sido intensificada nas últimas semanas desde que a lei entrou em vigor.
De acordo com o coordenador do abrigo de animais da EPTC, Tiago Oliveira, em média, as equipes têm recolhido de três a quatro carroças por dia em Porto Alegre.
“Fazemos operações diárias com a Guarda Municipal e com o Batalhão Ambiental da Brigada Militar. Após a abordagem, o proprietário da carroça e do cavalo tem 15 dias para retirar o animal no abrigo da EPTC pagando as multas e taxas. Em geral, eles não buscam os animais, pois correm o risco de serem abordados novamente”, explicou.
Quando optam por não buscar o que foi apreendido, os carroceiros são encaminhados para o programa "Todos Somos Porto Alegre". Lá, recebem a indenização de R$ 1,5 mil pelo animal e pela carroça e são encaminhados para o programa.
O “Todos Somos Porto Alegre” foi intensificado no final de 2013 e cadastrou 1.035 pessoas, sendo 382 carroceiros, 524 carrinheiros e 399 famílias que trabalham com triagem de lixo em casa. Até agora, 620 pessoas, incluindo familiares de carroceiros e carrinheiros, já concluíram cursos profissionalizantes de limpeza, recepção, atendimento, manicure, camareira, informática, gastronomia ou construção civil - alguns, com alfabetização.
Atualmente, 127 pessoas participam de cursos profissionais e alfabetização, e outras 383 estão em atendimento pelas equipes na fase de migração para outras atividades.
Os animais apreendidos nas abordagens da EPTC vão para um abrigo na zona sul, recebem atendimento veterinário, cuidados e depois ficam no programa de adoção da prefeitura.