Embora a Polícia Civil ainda não tenha definido o indiciamento dos agressores do motorista do Uber Bráulio Pelegrini Escobar, 40 anos, a ordem judicial que mandou os dois taxistas para a cadeia preventivamente trata o caso como tentativa de homicídio. No despacho que homologou a prisão de Alexsandro dos Santos Scheffer, 34 anos, e Cauê Cavalheiro Varella, 29 anos, o juiz Luciano André Losekann descreveu ter ocorrido "uma verdadeira emboscada" para a vítima.
Escobar foi chamado pelo aplicativo Uber para uma corrida a pedido de Varella. Depois, Scheffer embarcou no carro, e os dois seguiram para o estacionamento do hipermercado Carrefour, no bairro Partenon, onde o motorista foi agredido e teve o carro danificado.
Baseado em relato de testemunhas, o juiz afirma que Scheffer e Varella usaram o cinto de segurança para prender a vítima dentro do carro e "começaram impiedosas agressões com socos e pontapés, só cessando quando pessoas próximas interviram, evitando, assim, possível desfecho trágico".
Violentos golpes, quase todos desferidos na cabeça, levaram o magistrado a interpretar que a intenção dos taxistas era matar o motorista. "O que não se consumou por fatores alheios as suas vontades, precisamente pela intervenção - quase divina - de pessoas próximas", escreveu Losekann.
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O juiz converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva dos dois taxistas, justificando que, se fossem soltos, poderiam colocar em risco a ordem pública. "É certo que Cauê e Alexsandro, em liberdade, transformarão a vida da vítima em um inferno, muito pior do que aquele vivido por ela até o momento", assinalou o magistrado.
Ao serem presos, Varella admitiu ter chamado a corrida, mas garantiu que não espancou a vítima. Scheffer disse que estava no Carrefour, mas também negou as agressões, alegando que foi arrastado durante o tumulto e bateu com a cabeça em um carro.
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O fato revoltou dezenas de pessoas que chegavam e saíam do hipermercado. Um homem armado chegou a fazer menção de sacar uma pistola. Os dois taxistas foram contidos por seguranças do Carrefour até a chegada de PMs, mantidos em um ambiente fechado, dentro do hipermercado, evitando que fossem linchados por dezenas de pessoas. O caso é investigado pelo delegado Rodrigo Garcia, da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa.
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Além de vídeos produzidos com celulares, o delegado busca acesso a imagens de câmeras de segurança do hipermercado para identificar, eventualmente, outros agressores. Garcia também fez contato com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para verificar, por meio de sistema de GPS dos táxis gerenciado pela EPTC, quais carros estavam no estacionamento do Carrefour no momento das agressões. Na tarde desta sexta-feira, a vítima prestou esclarecimentos à polícia, e, a partir de agora, serão colhidos depoimentos de testemunhas e dos taxistas presos.
Além do tumulto causado pela agressão ao motorista do Uber, o episódio provocou prejuízo a Carlos Caetano, 45 anos, que chegava ao hipermercado para fazer compras. Ao ver a confusão, ele correu para tentar segurar os agressores. Ao retornara para seu carro, 15 minutos depois, percebeu que levaram R$ 1,9 mil que estavam em uma bolsa sobre o banco traseiro.
- Recebi o dinheiro e ia pagar minhas contas - lamentou Caetano, motorista de ônibus de turismo.
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* Zero Hora