Cidade é a nave em que atravessamos séculos, e com ela ornamos e destruímos nossa nave mãe, Terra, "o errante navegante". A cidade é engenho terrível, que transforma e exaure a natureza, muda o espaço, o tempo e a condição humana; é carne de pedra, expressão com que Richard Sennett simboliza as relações orgânicas entre corpo, habitação e cidade, nosso habitat mimético. Com Foucault, lemos como este espaço ordenado molda as mentes e desenha os sentidos do poder e da história. A cidade é reflexiva, e nela se acumula a sua própria enciclopédia, e o seu conjunto de informações genéticas, sinais, códigos, mensagens (patrimônio) e, sobretudo, os cenários dinâmicos em que transformamos nossos corpos, linguagens, costumes e desejos (cultura). Mais que ruas e praças, a cidade é parte de nosso ser, cenário de nosso destino e garantia de nossa potência histórica.
Colunistas
Francisco Marshall: cidade, pólis, cidadania
"Mais que ruas e praças, a cidade é parte de nosso ser, cenário de nosso destino e garantia de nossa potência histórica"