Prefeitura e municipários passaram mais de duas horas debatendo sobre a greve da categoria na manhã desta terça-feira no auditório da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), em Porto Alegre, depois de uma segunda-feira tensa em que o encontro previsto entre as duas partes foi cancelado. Reivindicações importantes dos grevistas foram abordadas e encaminhadas pelo vice-prefeito Sebastião Melo para serem transcritas em um documento com as respectivas medidas que o governo vai tomar em relação a cada uma delas. A greve dura desde a última quarta-feira.
O documento será encaminhado à assembleia da categoria, às 14h, na Casa do Gaúcho (Parque Harmonia), para ser lido, e serve como garantia aos grevistas de que serão atendidas. Tudo porque os municipários estão calejados com a negociação de 2014, em que houve formação de grupos de trabalho (GT) que não resultaram no que era esperado pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa).
- Fizemos greve em época de Copa do Mundo, quando estava todo mundo "rico", e só ganhamos a inflação. Tinha grupo de trabalho para plano de carreira, de que acabamos não participando, de plano de saúde, em que fomos tirados quando disseram que era somente coma Secretaria da Fazenda, e o grupo de trabalho do assédio moral era só para nos assediar. A categoria não radicalizou por acaso - afirmou a diretora de Comunicação do Simpa, Carmen Padilha.
Houve momentos de exaltação na reunião, mas tudo se encaminhava para uma abertura no diálogo. Até que, no final do encontro, o vice-prefeito anunciou os descontos nos salários por causa da greve. A frase caiu como uma bomba entre os grevistas:
- Os lançamentos de desconto por greve já foram feitos - foi o que disse Melo.
O desânimo e a surpresa foram imediatos entre os municipários reunidos no local. Eles aguardarão, na assembleia, que a prefeitura remeta o documento com as garantias, mas a opinião entre os integrantes do Simpa era de que a greve continuaria.
- Houve alguns avanços, mas descontar os dias parados é inadmissível. O próprio Melo reconheceu que a greve é legal - lamentou Carmen.
Municipários questionaram que os descontos não poderiam ser lançados porque a folha sequer incluiria os dias de greve, ficando para o mês seguinte. O estratagema, porém, já foi utilizado em greves em 2011 e 2013.
- É uma punição - apontou Carmen.
As garantias que o governo poderá dar:
- 30 dias para encaminhar o novo projeto de lei que trata do efeito cascata (pagamentos irregulares sobre o total dos salários, e não só sobre o básico, feitos desde 1998, questão que está na Justiça) sobre os salários dos municipários
- Primeira parcela do reajuste de 8,17% poderá ser de 3,5%, e datas das demais parcelas poderiam ser negociadas
- Progressões na carreira: abertura de uma agenda para debater os atrasos, mas que não poderão ser pagos ainda em 2015
- Negociar possibilidade de plano de saúde ser ampliado a dependentes dos funcionários que ganham menos