Os municipários terminaram o primeiro dia de greve na Capital com uma má notícia. A Justiça não só manteve a liminar que proíbe o bloqueio do prédio da prefeitura de Porto Alegre, que foi interditado por quase 10 horas nesta quarta-feira, como dobrou a multa - para R$ 4 mil por dia - caso a determinação seja descumprida. Mesmo assim, os grevistas prometem voltar a bloquear a prefeitura na quinta-feira.
"Muito embora reconheça esse juízo que o movimento grevista é legitimado constitucionalmente, entendo que a obstrução ao acesso dos prédios do requerente vai contra o interesse público", justificou a juíza Andréia Terre do Amaral em sua decisão.
De acordo com a direção do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), a entidade foi notificada pela Justiça e, mesmo assim, decidiu retomar a mobilização às 7h30min, com bloqueio do prédio administrativo. Além da concentração no Paço Municipal, o objetivo é, novamente, montar "piquetes" junto ao Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS).
- Hoje foi muito positivo, pois paramos muitos serviços. Ontem, na reunião, conseguimos avançar um pouco, mas defendemos que tem que avançar mais para que, na assembleia de sexta-feira, possamos avaliar as propostas e decidir se aceitamos ou não - resumiu a diretora-geral do Simpa, Débora Xavier.
Há uma reunião prevista para esta quinta-feira, possivelmente durante a tarde. No entanto, segundo a prefeitura, a realização do encontro entre municipários e governo está condicionada ao livre acesso à prefeitura pelos grevistas. Se houver interdição, não haverá reunião, segundo a assessoria do Executivo.
No final do dia, a prefeitura voltou a reforçar que o bloqueio pode atrapalhar os próprios servidores, pois há risco de que a folha de pagamento do município atrase, já que funcionários responsáveis pelo serviço estão sendo impedidos de ingressar no edifício. Ao invés de receberem no fim deste mês, o pagamento poderia ocorrer somente no início de junho.
Por enquanto, o Executivo municipal não cogita acionar o Ministério do Trabalho para intermediar o diálogo com os grevistas, alegando que acredita que a negociação avance positivamente e que a mobilização seja encerrada logo.
O ponto dos revistas, já anunciou a prefeitura, será cortado.
Como foi o início da greve
A greve dos municipários teve início à meia-noite desta quarta-feira _ e deve seguir, pelo menos até sexta-feira, quando será feita uma assembleia da categoria.
Eles protestam por reajuste de 9,44%, referente a perdas salariais, mais pagamento da inflação integral e ganho real, totalizando 20%. Outra reivindicação é a retirada da Câmara de Vereadores do projeto de lei que prevê que os benefícios acumulados do efeito cascata (a incidência de gratificações e vantagens umas sobre as outras, considerada irregular desde 1998) se transformem em abono - possibilidade já assinalada pelo Executivo.
Neste primeiro dia de manifestação, 26 escolas municipais não abriram as portas aos estudantes e 50 funcionaram parcialmente durante a manhã - mas 22 não sofreram qualquer impacto da greve.
Já as 142 unidades de saúde municipais foram mantidas abertas pela manhã. Dos 5,4 mil servidores da área, 63 paralisaram as atividades - o que representa menos de 1%. Os atendimentos essenciais, como emergência, estão mantidos, mas há restrição principalmente no setor de enfermagem (como a realização de curativos).