A reunião entre representantes da prefeitura e dos municipários de Porto Alegre foi saudada na manhã desta terça-feira como uma retomada das negociações sobre a greve marcada para começar na quarta-feira. No entanto, as conversações pouco avançaram, e pelo menos até sexta-feira funcionários do município deverão cruzar os braços.
De acordo com o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), a adesão à greve deverá ser maior entre os funcionários das secretarias de Educação e Saúde, da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e os administrativos do prédio da prefeitura nova. Mais "pingada", conforme definiu a diretora de Comunicação do Simpa, Carmen Padilha, será a adesão no Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e no setor de obras. Mas ela garante que haverá participação no movimento em todas as secretarias.
Ciente de que a greve não poderá ser evitada, pelo menos nesta semana, o vice-prefeito Sebastião Melo pediu que os serviços essenciais sejam mantidos. A esperança é de que até sexta-feira, quando haverá nova assembleia da categoria, uma nova proposta da prefeitura convença os funcionários a voltar ao trabalho.
Ainda assim, Melo apresentou algumas novidades na reunião desta terça. Ele informou as datas do pagamento parcelado dos 8,17% da reposição da inflação proposto pela prefeitura. A primeira parcela seria paga imediatamente. A segunda, em dezembro e a última, em março do ano que vem. O vice-prefeito também sugeriu que o projeto de lei do governo que trata do efeito cascata dos salários (a incidência de gratificações e vantagens umas sobre as outras, considerada irregular desde 1998) pode ser retirado da Câmara Municipal caso a medida seja essencial para se negociar o fim da greve.
O medo dos resultados do efeito cascata é generalizado entre os municipários. Eles entendem que poderão perder 30% dos salários, transformados em abono pelo projeto. Além disso, temem que o valor não seja incorporado à aposentadoria. A prefeitura garante que o abono serve para a aposentadoria. A questão está no Supremo Tribunal Federal.
- Quem legisla sobre aposentadoria é o governo federal - lembrou Carmen.
Sentado à cabeceira da mesa do Salão Nobre do Paço Municipal, Melo também garantiu que o reajuste do vale-refeição será imediato. Já o parcelamento do salário foi criticado pelo diretor de Formação Sindical do Simpa, Alexandre Dias:
- Ao parcelar a inflação, teremos mais uma perda.
Dias citou também o atraso de três anos nas progressões de carreira, assunto que deverá ser debatido por Melo e a base governista ainda nesta terça-feira. O vice-prefeito ainda citou o gasto com pessoal de mais de 40% do orçamento da prefeitura e citou várias capitais que concederão reajustes abaixo do oferecido em Porto Alegre para marcar a posição da prefeitura dentro da negociação. No final, não houve acerto entre os dois lados, mas o diálogo será mantido.
A greve começará à 0h de quarta-feira. Em uma reunião na quinta-feira, as partes tentarão algum avanço, e tudo deverá ser decidido na assembleia de sexta.