Os municipários de Porto Alegre decidiram, na tarde desta quinta-feira, em assembleia da categoria na Casa do Gaúcho (Parque Harmonia), manter a greve iniciada na quarta-feira da semana passada. Pesou na decisão a manutenção, pela prefeitura, dos descontos pela paralisação e do parcelamento do reajuste salarial de 8,17% em três vezes (uma parcela imediata, outra em dezembro e a última em março de 2016), posição anunciada durante reunião entre grevistas e o Executivo municipal na manhã desta quinta-feira.
No encontro da manhã, houve um alento. Ficou acertado que às 15h30min de sexta os servidores terão a primeira reunião para debater com a prefeitura a criação de um projeto de lei para resolver o efeito cascata - que é o pagamento irregular de reajustes calculados também sobre benefícios acumulados, e não somente pelo salário básico. A solução do efeito cascata é uma das principais reivindicações dos grevistas.
Durante a greve, eles conseguiram com que o governo municipal retirasse dois projetos anteriores que tratavam do tema e transformavam parte dos valores do efeito em abono. No entanto, o anúncio do início das tratativas não influenciou na decisão de manter a paralisação.
Ao microfone, a diretora de Comunicação do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Carmen Padilha, fez um resumo da reunião da manhã com o vice-prefeito Sebastião Melo. A seguir, como na assembleia de terça-feira, os servidores se dividiram em grupos para debater.
O servidor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) Cláudio Pires, 62 anos, estava com colegas de idade semelhante e parecia cansado. Ele quer se aposentar daqui a três anos e não sabe muito bem quanto vai ganhar. Depois de décadas de trabalho, o seu salário não chega a R$ 2 mil, afirma:
- Não sei o que vão resolver, o pessoal lá da Previdência.
Os vencimentos são bem variados na Smam, e há quem ganhe básico menor que o salário mínimo, salientou um colega de Pires. Para todos eles, será importante o debate com a prefeitura sobre o efeito cascata.
Os descontos pelos dias parados e o parcelamento do reajuste, porém, deverão aprofundar a greve. Nas falas no palco durante a assembleia, sob a decepção com a falta de avanço sobre o parcelamento e o desconto, houve pedidos de intensificação do movimento com fechamento de repartições, piquetes, impedimento, outra vez, ao acesso ao prédio administrativo, acampamento em frente ao Paço Municipal e tomada das ruas com manifestações. Os pedidos, votados separadamente, confirmaram a tendência a incrementar o movimento grevista. Confira abaixo as resoluções.
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Os encaminhamentos da assembleia:
Sexta-feira - concentração no Paço Municipal pela manhã para integrar o protesto nacional contra o projeto de lei das terceirizações. Às 15h30min, reunião com a prefeitura para debater o projeto de lei que combate o efeito cascata, com a confecção de uma minuta do documento com seus principais pontos.
Sábado - acompanhar as primeiras ações do prefeito José Fortunati após sua volta da viagem à Europa, realizando manifestações.
Domingo - reunião do Simpa às 17h para avaliar se houve avanço nas negociações.
Segunda - fechar o acesso ao prédio administrativo se não houver avanço nas negociações.
Terça - assembleia às 8h30min.
Demais decisões:
- Manter reivindicação de pagamento integral do reajuste de 8,17%
- Questionar a prefeitura sobre como ficará a recuperação das aulas com o desconto salarial dos dias parados
- Ampliar os piquetes no Dmae
- Ampliar a adesão à greve em ações dentro das repartições