
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) dormiu no chão da Câmara na madrugada desta quinta-feira (10), após a Comissão de Ética da Casa recomendar ao plenário a cassação do mandato dele por quebro de decoro. Acusado de agredir Gabriel Costenaro, militante do MBL, em abril de 2024, ele também anunciou que fará greve de fome até o fim do processo.
Ou seja, Braga promete dormir na Câmara e não comer nenhum alimento até que o plenário confirme ou rejeite a cassação do seu mandato como deputado. Conforme informações do g1, por volta de 00h40min, o político foi flagrado dormindo no chão da Casa e seus assessores pediram para que ele não fosse gravado.
— Eu vou permanecer aqui nesta sala, no Congresso Nacional, até a finalização do processo. No dia de hoje (quarta), eu já iniciei. A partir de agora, eu não vou me alimentar — disse após a sessão.
Um policial legislativo foi posicionado na porta da Câmara durante a noite para garantir a segurança do deputado. Esposa de Braga, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) demonstrou surpresa pela atitude. Ela ficou no local com o marido até por volta das 23h, quando retornou para a residência do casal para cuidar do filho de três anos.
Os assessores de Braga relataram que a decisão partiu do político, sem consultas a familiares ou à bancada. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), 90 anos, defendeu que outros integrantes do partido permaneçam na Casa junto ao colega, sem sair do Congresso.
Recomendação de cassação
O Conselho de Ética da Câmara recomendou na quarta-feira (9) ao plenário a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), por 13 votos a cinco. Ele é acusado de quebra de decoro por agredir, com chutes e empurrões, o militante do MBL Gabriel Costenaro dentro em abril de 2024, dentro da Casa.
Ele ainda pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para perder o mandato, são necessários ao menos 257 votos favoráveis entre os 513 deputados.
O parecer seguiu o voto do relator, Paulo Magalhães (PSD-BA), que acatou a denúncia do Partido Novo e afirmou não ter "dúvidas" sobre as agressões. Braga contesta o relatório, acusa o relator de ser "parcial" e aponta interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no processo.
Segundo o parlamentar, tudo começou após "provocações sistemáticas" do MBL, incluindo ofensas à sua mãe, que morreu semanas depois.