
O Salão Júlio de Castilhos ficou lotado, nesta segunda-feira (14), para acompanhar a adesão da Assembleia Legislativa à campanha Feminicídio Zero — Nenhuma violência contra a mulher será tolerada, do Ministério das Mulheres. A ministra Cida Gonçalves falou para uma plateia majoritariamente feminina sobre o desafio de reduzir os feminicídios e disse que a Assembleia gaúcha é a primeira do Brasil a aderir à campanha.
Pela manhã, em entrevista à Rádio Gaúcha, a ministra fez um apelo para que a sociedade identifique mulheres em situação de risco e comunique as autoridades pelos telefones 180 ou 190.
— Há 10 anos, uma mulher era morta com 54 facadas, crime que só o ódio autoriza. Agora, não são só facadas. São seus filhos que são assassinados também ou seus corpos que são queimados vivos, como acontecia na Idade Média com as bruxas — comparou.
Para Cida Gonçalves, o aumento do fenômeno no Brasil está ligado ao recrudescimento do discurso de ódio e intolerância nas ruas, nos ambientes institucionais e nos lares.
A Carta Compromisso de Mobilização Nacional pelo Feminicídio Zero foi assinada pelo presidente da Assembleia, Pepe Vargas, pela ministra Cida Gonçalves, e pela coordenadora da Força-Tarefa contra o Feminicídio, vinculada à Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado, Stela Farias (PT).
Com quatro feminicídios por dia, o Brasil ocupa a quinta colocação no ranking dos países que mais matam mulheres, apesar de todos os avanços que ocorreram nos últimos anos para frear a violência de gênero.
— Nada nos afasta tanto de um conceito de sociedade civilizada quanto o número de feminicídios que ocorrem em nosso país. Por isso, essa luta, que é de todos, nunca foi tão necessária — disse Pepe.
O presidente do Grêmio, Alberto Guerra, também assinou a carta e se comprometeu a trabalhar junto aos torcedores para que respeitem as mulheres. De acordo com a ministra, estudos mostram que os homens ficam mais violentos em dias de jogos de futebol, quando seu time perde, e muitas vezes "descontam" nas companheiras.