Na conclusão da visita ao Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou na tarde desta sexta-feira (15), em Lajeado, investimentos de R$ 344 milhões para obras de infraestrutura urbana e a construção de 857 residências do programa Minha Casa Minha Vida Calamidades.
Os recursos serão aplicados na recuperação de municípios antigidos pelas enchentes de 2023.
Ao custo de R$ 209 milhões, os imóveis serão construídos em 13 municípios: Muçum, Roca Sales, Estrela, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Venâncio Aires, Colinas, Santa Teresa, Novo Hamburgo, Eldorado do Sul, Montenegro, Pelotas e Rio Grande. Já as obras de infraestrutura, orçadas em R$ 135 milhões, serão concentradas em 12 municípios, a maioria no Vale do Taquari, região mais afetada pelos desastres climáticos.
Foi a primeira visita do presidente à região, seis meses após as enchentes que devastaram municípios em setembro do ano passado. Criticado por não ter percorrido o Vale do Taquari na época, Lula foi antecedido por ministros que fizeram um balanço dos recursos enviados para reconstrução das cidades. Vestindo terno cinza e camisa preta, o presidente começou o discurso lamentando as perdas humanas e materiais da região.
— A gente não consegue imaginar como, de repente, uma enchente que não tinha previsão medida, destruiu tanta coisa que vocês levaram décadas para construir. A minha vinda aqui é um gesto de solidariedade com o sofrimento de vocês — afirmou.
Com a voz falhando, Lula falou por 10 minutos, para uma plateia formada por empresários, políticos, simpatizantes e representantes de movimentos sociais. Dirigindo-se aos prefeitos presentes, disse que governa sem fazer distinções políticas.
— Nós nunca vamos perguntar de que partido vocês são, a qual religião vocês pertencem, pra qual time vocês torcem — assegurou.
Ao final do pronunciamento, justificou a brevidade do evento em função da dificuldade do helicóptero retornar a Porto Alegre com céu escuro pelo entardecer.
No início da cerimônia, um vídeo exibiu depoimentos de pessoas que perderam familiares e propriedades na enchente, como a agricultura Janete Zilio, que desceu 18 quilômetros Rio Taquari abaixo agarrada a um telhado de zinco depois que a correnteza destruiu sua casa.
Na sequência, uma sobrevivente da tragédia falou em nome dos atingidos pela chuvarada de setembro. Moradora de Roca Sales, Raquel Vargas agradeceu a ajuda federal e pediu a criação de um fundo para socorro de famílias afetadas por desastres climáticos.
— Nos últimos quatro anos foram pelo menos três grandes enchentes em que perdemos tudo — desabafou Raquel.
Enquanto autoridades locais discursavam, Lula vestia rapidamente um boné do Movimento dos Atingidos por Barragens e conversava com o governador Eduardo Leite, sentado ao seu lado.
Vaiado pouco antes de usar a tribuna, Leite também fez um rápido pronunciamento, no qual pregou conciliação política e colheu aplausos da plateia ao lembrar a divisão do país que teria sido provocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.
Lula chegou à cidade por volta das 15h40min, após cumprir a primeira parte da agenda em Porto Alegre. Acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin e cinco ministros — Rui Costa (Casa Civil), Waldez Góes (Integração Nacional), Jader Filho (Cidades), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Paulo Pimenta (Comunicação Social) —, ele fez o trajeto de helicóptero e desembarcou já dentro do campus da Univates.
No anúncio das autoridades, na plateia — formada majoritariamente por militantes do PT e integrantes de movimentos sociais —, houve vaias ao prefeito Marcelo Caumo (PP) e ao vice-governador Gabriel Souza.
Após a cerimônia, a comitiva retornou a Porto Alegre, de onde seguiu viagem para Brasília.