Na véspera de deixar o cargo para disputar a Presidência da República pelo PSDB, o governador de São Paulo, João Doria, fez na noite de quarta-feira (30) um discurso de 53 minutos para uma plateia de amigos, empresários, aliados e secretários no qual disse que "não parte do pressuposto" que será candidato e sinalizou que aceitaria abrir mão da disputa.
O tucano participou de um jantar organizado pelo empresário Marcos Arbaitman, amigo de longa data, e surpreendeu com uma fala conciliadora no momento em que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sinaliza que vai lutar pela vaga de candidato do PSDB apesar de ter perdido as prévias do ano passado.
— Não faço imposição do meu nome, pelo contrário. Não parto do pressuposto que tem de ser eu. É preciso ter grandeza e espírito elevado — afirmou o governador paulista.
Como de praxe, o tucano fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exaltou seus "legados" no cargo — sendo o principal deles a vacina contra a covid-19 —, lembrou dos tempos em que trabalhou como office boy e reafirmou posição contra a reeleição.
Em uma mudança de narrativa em relação às eleições anteriores que disputou, Doria reduziu a carga de antipetismo e mirou em Bolsonaro.
— A nossa bandeira não pode ser usurpada, como se fosse uma seita — afirmou.
O tucano também criticou a "censura" aos artistas do festival Lollapalooza, determinada — e depois retirada — pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a pedido do PL, partido do presidente. O vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) não participou do jantar.
Doria terá uma agenda intensa nesta quinta-feira (31). Pela manhã, vai ao Museu do Ipiranga, cuja reinauguração será em setembro, para entregar "obras de restauro" e assim deixar sua marca em uma bola dividida com o governo federal.
Em seguida, vai visitar obras no Parque da Cidadania, em Heliópolis, participa de um leilão de concessão de parques na B3, no centro, e termina o dia em um grande ato "municipalista" no Palácio dos Bandeirantes, com centenas de prefeitos e aliados.