Quase uma hora após o final da cerimônia de transmissão de cargo no Comando Militar do Sul (CMS), o presidente Jair Bolsonaro foi ao encontro de apoiadores reunidos junto ao Museu do Exército, no Centro Histórico. Separado por gradis dos cerca de 50 militantes, Bolsonaro acenou e caminhou por cerca de 30 metros, ao longo do corredor humano. Depois, sem falar com os simpatizantes, retornou para a frente do quartel e acompanhou por alguns minutos a exibição de uma banda militar antes de se deslocar ao aeroporto Salgado Filho. O presidente retorna para Brasília em seguida.
Para os apoiadores, apesar de restrita a poucos segundos, a proximidade com Bolsonaro foi uma recompensa por mais de quatro horas de espera.
O grupo se reuniu desde o início da manhã na esquina da Rua Bento Martins, diante de um dos bloqueios das equipes de segurança. Vestindo verde e amarelo e portando bandeiras do Brasil, cartazes de apoio ao presidente e com críticas à imprensa e ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro, chamado de traidor, eles cantavam o hino do Rio Grande e da Independência. Quando alguém puxou o grito "Fora, Maia!", contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um simpatizante pediu o fim do coro, mas foi ignorado, e o protesto foi ainda maior.
Houve ainda slogans de repúdio aos governadores Eduardo Leite e João Doria (SP).
Quando a comitiva de Bolsonaro chegou, houve panelaços de repúdio nos prédios vizinhos, respondidos aos grito de "mito" pelos militantes na rua. Alguns ameaçavam os paneleiros de agressão e lembraram os socos desferidos contra um grupo que criticou Bolsonaro durante ato de apoio a intervenção militar ocorrido no mesmo local em 19 de abril.
Na calçada, diante dos gradis, o psicólogo Raul Cardoso fazia um protesto silencioso e solitário. Com um cartaz que reproduzia a declaração de Bolsonaro sobre o recorde de mortes por covid-19 registrado na terça-feira - "E daí? Quer que eu faça o quê?" –, ele cobrava atitudes do chefe da naçāo:
- Ele é o presidente, tem que dar o exemplo.
Entre os apoiadores de Bolsonaro, havia pais acompanhados dos fillhos, crianças e idosos sem máscara, gente passeando com o cão de estimação e até mesmo um sósia do personagem dos quadrinhos Wolverine, autodenominado "Wolverine Gaúcho". Ambulantes vendiam bandeiras do Brasil por R$ 20, faixas presidenciais a R$ 10, e máscaras, a R$ 5.