Considerado o guru intelectual do governo de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho concedeu entrevista, que foi ao ar na madrugada desta quinta-feira (11), ao programa Conversa com Bial, da TV Globo. No encontro, realizado na casa do filósofo, em Virginia, nos Estados Unidos, ele afirmou diversas vezes que seu objetivo não é influenciar a política do dia a dia, mas sim a longo prazo, de maneira a "influenciar a cultura brasileira daqui a décadas".
Ao ser questionado sobre a eleição que culminou com a vitória de Bolsonaro em 2018, o escritor apontou a faceta conservadora da população brasileira, não restrita à classe média, destacando que durante muitos anos ela não teve um canal político de expressão. Segundo Olavo, as redes sociais "furaram" o cenário vigente.
— Ele(Bolsonaro) foi escolhido candidato pelo povo e em seguida eleito pelo povo. Foi a primeira vez que isso aconteceu na história — afirmou o filósofo.
Descrevendo Bolsonaro como um homem "sincero, verdadeiro, patriota que quer resolver os problemas brasileiros", Olavo sugeriu que o presidente desse um ministério para um cada um dos filhos que seguem carreira política: Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.
— Tomara que ponha os três de ministros. São pessoas muito sinceras, muito honestas — disse o escritor, ao frisar que o trio deveria renunciar aos salários caso isso acontecesse.
Para Olavo, o presidente deveria seguir um de seus conselhos e falar em rede nacional de televisão, pois "a base fundamental de apoio ao Bolsonaro é o povão que votou nele". A comunicação estritamente via redes sociais atingiria apenas uma pequena parcela do seu eleitorado.
No bate-papo, o intelectual falou ainda sobre a recente troca de ministros na pasta da Educação, após a demissão de Ricardo Vélez Rodriguéz, uma de suas indicações para a composição do ministério. Em seu lugar, foi nomeado Abraham Weintraub.
— O que eles conseguiram foi trocar um pseudo "olavete" por um verdadeiro "olavete" — disse o escritor, que classificou como excelente a presença de Weintraub no MEC.
Sobre educação, Olavo acrescentou que o problema nas instituições não consiste em ter doutrinação, mas sim que há necessidade de todas as ideologias habitarem os ambientes educacionais.