Em Porto Alegre, militantes, apoiadores e dirigentes de partidos de esquerda inauguraram nesta sexta-feira (5) uma série de atos para inaugurar a Jornada Internacional Lula Livre.
Uma multidão se reuniu no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para ouvir o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e a ex-deputada Manuela D'Avila (PCdoB), companheiros de chapa na eleição presidencial do ano passado.
Nos discursos, os políticos alternaram críticas ao governo de Jair Bolsonaro com falas em defesa da educação pública e do ex-presidente Lula. O nome do ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, responsável pela condenação de Lula em primeira instância, também foi alvo de críticas.
—Vamos combinar, não sei se vocês viram ontem, o Moro postou uma foto com o calendário para provar que era ele. Não sei o que o calendário agregou à informação sobre a identidade do post. Nada. Mas ele entendeu que aquilo era uma prova. É mais ou menos o que aconteceu no processo do Lula. Ele entendeu que o negócio lá era prova, e ninguém chegou nele dizendo "Moro, não é prova isso aqui, o calendário não prova nada sobre a sua identidade. Prova que você tem um calendário". Ele tem dificuldade com prova — afirmou Haddad.
— Ele (Moro) sempre quis entrar para a história às custas da história grandiosa de Lula. A prisão de Lula é o esforço dele para prender um sonho. E vocês aqui são a prova do que ele (Lula) disse antes de ser encarcerado: é impossível prender um sonho — disse a ex-deputada Manuela D'Ávila sobre Moro.
Fernando Haddad afirmou que Bolsonaro tem "medo" dos estudantes, em referência à desistência do presidente da República de comparecer a um evento no Mackenzie, em São Paulo.
— Ele tem medo de tudo que não se parece com ele. Por isso que ele exalta a ditadura militar: porque é a negação da diferença. Ele está habituado com quem quer impor a sua vontade. Daí a grande contradição que ele vive. Ele tem uma dificuldade de exercer a presidência em ambiente democrático, por isso que todo dia solta uma ameaça — declarou Haddad.
O candidato também fez críticas à proposta do governo para reformar a Previdência social.
— É um retrocesso de cem anos que ele está propondo. Não é fácil falar para o jovem de 16 anos que ele vai ter que trabalhar até os 70 para conseguir ganhar um salário mínimo — afirmou.
Depois do ato, Haddad e Manuela foram para o largo Glênio Peres em um ato contra a reforma da Previdência.
No sábado (6), a caravana segue para Florianópolis (SC), chegando a Curitiba (PR) no domingo, dia em que a prisão de Lula completa um ano. Há previsão de atos semelhantes em outros 20 Estados e em pelo menos 15 países. O objetivo é denunciar o que o PT considera "caráter político" da prisão do ex-presidente e exigir sua imediata libertação.