
Os seguidores do bolsonarismo já contam com uma figura "real": Luiz Philippe de Orleans e Bragança, de 49 anos, é pré-candidato a deputado federal pelo PSL, mesmo partido que irá lançar Jair Bolsonaro à Presidência da República. Além da candidatura, Philippe, tetraneto do ex-imperador do Brasil Dom Pedro II, está cotado para presidir a Fundação do partido, que, por sugestão do próprio, deve se chamar José Bonifácio, figura histórica conhecida como o 'Patriarca da Independência'.
Philippe é filho do príncipe D. Eudes de Orleans e Bragança e neto do chefe da Casa Imperial do Brasil, Luís Gastão de Orleans e Bragança. Seu tetravô, Dom Pedro II, foi imperador do Brasil entre 1840 e 1889, quando foi constituída a República. Cientista político e administrador de empresas, Philippe também foi o criador do Movimento Liberal Acorda Brasil - que esteve ao lado de MBL (Movimento Brasil Livre), Vem Pra Rua, Revoltados Online e outros grupos em manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Há poucos meses, Philippe ainda era filiado ao partido Novo, mas se disse atraído pelo convite e discurso mais firme do PSL.
— Não é um problema. Eu não pulei da direita para a esquerda. Eu passei da direita para a direita — disse.
Segundo o descendente da família real brasileira, o primeiro encontro com Bolsonaro aconteceu há dois anos, no gabinete do deputado em Brasília. Na ocasião, eles conversaram sobre a ideias que seriam apresentadas em seu livro "Por que o Brasil é Um País Atrasado?", lançado em 2017.
A tese central da obra de Philippe é a ideia de que o povo brasileiro não é soberano porque não possui mecanismos para limitar as ações do governo e da burocracia estatal. Entre os temas que teriam interessado Bolsonaro, e que estão no livro, está a descentralização do poder federal e a possibilidade de fortalecer os municípios.
Agora, no PSL, Philippe tem sido um interlocutor mais frequente do deputado. Nesta semana, ele esteve ao lado do presidenciável em São Paulo, durante o evento em que o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira assumiu o Comando Militar do Sudeste, em substituição ao general João Camilo Pires de Campos. Procurado pela reportagem, Bolsonaro não se manifestou sobre o a candidatura de Philippe.
O candidato a deputado se define como um liberal na economia, conservador nos costumes e, claro, um monarquista.
— Monarquia não é um modelo de governo, mas uma organização de Estado — diz.
Para ele, o modelo baseado nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) está fadado ao fracasso.
— Defendo a monarquia como um poder cívico. Não se trata de um poder absolutista.
O herdeiro da família real ressalta que não defende a monarquia por interesses próprios.
— Eu nunca seria rei ou imperador do Brasil. Meu pai abdicou desse direito antes mesmo de eu nascer — disse.
Em termos de realpolitik, Philippe defende o modelo de monarquia parlamentarista - que, segundo ele, deve ser atingida por meio de um referendo popular.
— Mas o primeiro passo é o parlamentarismo — afirmou.
Em outubro de 2017, Philippe esteve em Porto Alegre para o lançamento do seu livro.