
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, nesta quinta-feira (25), que não há um plano B no governo caso a reforma da Previdência seja engavetada e reafirmou estar confiante de que o texto será aprovado em fevereiro no Congresso, de acordo com entrevista concedida em Davos à agência de notícias Bloomberg News. Meirelles descartou elevar impostos e ressaltou que as medidas do governo para o ajuste fiscal são mais pelo lado do controle de despesas.
O ministro começou a entrevista afirmando que a agência de classificação de risco S&P Global Ratings deixou "muito claro" os motivos que provocaram o rebaixamento do rating soberano do Brasil e o principal deles foi a não aprovação da reforma da Previdência até agora.
— Mais importante, eles (a S&P) indicaram o que será necessário para a melhora do rating, que é a votação da reforma, que acredito que será agora, e em segundo lugar, que o Brasil crescerá em 2018, que é um fato dado, porque o Brasil está crescendo — disse ele, mencionando ainda como um terceiro fator a eleição presidencial.
— Neste momento, não estou trabalhando com um plano B ou alternativa à reforma (da Previdência) — disse Meirelles na entrevista. — Temos de votar e acho que agora há um melhor entendimento no país e no Congresso das propostas da reforma — completou.
O ministro ressaltou que a reforma da Previdência vai beneficiar as classes de menor renda e criar um sistema previdenciário mais justo.
— Acho que agora as chances de aprovação são muito melhores.
Ao falar do ajuste fiscal, Meirelles afirmou que não está "considerando elevar impostos agora".
— Estamos avaliando outros tipos de controles das despesas.
Meirelles foi questionado sobre a forte valorização do real nos últimos meses e se o nível atual da divisa preocupa o governo. O ministro afirmou que o patamar "não é problemático", mas evitou falar em um nível que seria bom para o dólar no Brasil. A economia brasileira está crescendo, puxada pelo consumo e o mercado doméstico e as exportações são importantes, mas não são o principal fator para estimular o Produto Interno Bruto (PIB), disse o ministro.
O PIB brasileiro deve crescer na casa dos 3% este ano e Meirelles ressaltou que é provável que o número surpreenda para cima, assim como a arrecadação do governo, que pode vir melhor que o esperado.
— 3% para o PIB é um bom número, é um número sólido — disse ele, ressaltando que os agentes têm revisado as previsões de expansão para cima.