O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira (28) que o modo como deputados brasileiros reagem à Lava-Jato se assemelha ao que aconteceu na Itália durante a Operação Mãos Limpas, também de combate à corrupção.
– Se a gente fizer um paralelo do que aconteceu na Itália e do que aconteceu aqui, boa parte do que se passou na Itália se passou ou está se passando aqui no Brasil. Basta olhar as iniciativas legislativas feitas na Itália e as iniciativas legislativas que são apresentadas aqui – disse o procurador-geral em evento no Rio de Janeiro promovido pelo jornal O Globo.
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– Algumas iniciativas do Congresso geraram perplexidade. Uma delas foi a do abuso de autoridade, que estava em tramitação desde 2006. Caminhava, parava, caminhava parava, mais ou menos com algum andamento mais marcante das investigações. O abuso de autoridade chamou a atenção. Causou preocupação o fato de tentarem implantar o crime de hermenêutica. O Direito se dá com interpretação. Ser tipificado como crime é muito complicado – afirmou.
Janot falou a jornalistas e convidados por uma hora e meia e respondeu a perguntas. Antes, deu entrevista rápida e comentou o fato de sua sucessora na Procuradoria-Geral da República (PGR), Raquel Dodge, ter tido encontro com o presidente Michel Temer fora da agenda. Sem querer fazer juízo de valor, disse que não tem "esse tipo de conversa extraoficial". Raquel foi ao Palácio do Jaburu à noite, em 8 de agosto, e, posteriormente, declarou que havia tratado de sua posse com o presidente.