Logo após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolver a chapa Dilma-Temer do crime de abuso político e econômico, na noite desta sexta-feira (9), a base aliada e a oposição no Congresso repercutiram a decisão da Corte. Deputados governistas disseram que a absolvição dá mais força ao governo Temer. Para a oposição, no entanto, o clima de crise política permanece.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que "decisões do Poder Judiciário não devem ser comentadas, apenas cumpridas democraticamente".
– Meu papel como presidente da Câmara dos Deputados é resguardar a estabilidade política e econômica do País e assegurar o pleno funcionamento da Casa, especialmente garantindo as votações necessárias para a retomada do crescimento sustentável do Brasil – afirmou Maia.
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Segundo o deputado Mauro Pereira (RS), vice-líder do PMDB, a decisão vai gerar mais tranquilidade para os investidores internacionais.
– É isso que nós precisamos, de estabilidade na economia, de segurança jurídica e que todos cumpram suas partes: o Judiciário, o Executivo e o Legislativo – disse.
Pereira afirmou que o resultado ajudará a base aliada a se unir e "melhorar ainda mais" para continuar as votações das propostas do governo.
O líder do PSDB, deputado Ricardo Tripoli (SP), afirmou que o resultado apertado reflete a situação atual do País. Ele disse que o partido deve se reunir nos próximos dias para avaliar se permanece ou não na base do governo.
– Vamos monitorar os acontecimentos. Não podemos jogar o País em uma aventura, mas também não podemos ser solidários com algumas atitudes que têm ocorrido no Brasil – declarou.
O líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), reconheceu que a decisão do TSE dá um "fôlego" ao governo Temer. Mas, segundo ele, o Executivo federal continua acuado.
– Nós vamos continuar vivendo um clima de crise. O Brasil não saiu da crise por conta dessa decisão – disse.
Zarattini disse que a votação reflete o discurso do PT de que não houve nenhuma irregularidade da chapa Dilma-Temer na campanha de 2014.
– Isso, de forma alguma, isenta o governo de atos realizados pelo presidente Michel Temer durante a gestão – afirmou o líder petista.
Para o líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, não poderia ter conduzido o julgamento por ser amigo pessoal de Temer, o que comprometeria a imparcialidade no caso.
– A gente esperava um resultado de um julgamento justo. Mas como ter um julgamento justo com um Gilmar Mendes presidindo e trabalhando como parte e não como magistrado – questionou.
Glauber Braga afirmou que pressionará deputados da base aliada a votar a favor de uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer.
– E agora a gente vai ter que expor aqueles deputados que estão servindo como base de apoio à continuidade ilegítima desse programa – disse.