O empresário Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, afirmou nesta segunda-feira ao juiz federal Sergio Moro, dos processos da Operação Lava-Jato, em Curitiba, que os pagamentos não contabilizados, o caixa 2, existem e reinaram desde seu antepassado no Brasil. Ele depôs como testemunha de defesa do filho Marcelo Bahia Odebrecht, que está preso desde 19 de junho de 2015.
– Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no país e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo, de todos aqueles que foram executivos do grupo – afirmou Emílio.
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Os depoimentos de Emílio Odebrecht e do ex-executivo do grupo Márcio Faria, que fizeram delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), foram colocados sob sigilo, por Moro, a pedido da defesa. A reportagem teve acesso aos vídeos.
Emílio falou a Moro por videoconferência, da Justiça Federal, em São Paulo. Ele negou corrupção na Petrobras e argumentou que não foi o filho, Marcelo, o responsável pelos pagamentos não contabilizados da empresa.
– O senhor tinha conhecimentos de pagamentos não contabilizados pela Norberto Odebrecht? – questionou a defesa de Marcelo.
– Sim. Sabia que existia, exatamente uso de recursos não contabilizados – respondeu Emílio.
O advogado questionou se a "sistemática de pagamentos de recursos não contabilizados" da Odebrecht foi criada pelo presidente afastado do grupo Marcelo Odebrecht, que é réu no processo.
– Não, em hipótese nenhuma.
Nessa ação penal, o herdeiro do grupo é réu por pagar propinas para o PT via ex-ministro Antonio Palocci.
Emílio lembrou que em sua época à frente do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses pagamentos.
– Um falecido e outro com alzheimer.
*Estadão Conteúdo