Se as aposentadorias de professores são um problema para o Estado, a redução do número de PMs dos quadros da Brigada Militar também preocupa. Depois de atingir o maior déficit de efetivo desde 1981, a corporação pode perder pelo menos mais 1.240 policiais para a reserva em 2017. A projeção é da Secretaria Estadual de Modernização Administrativa e dos Recursos Humanos, elaborada a pedido de ZH.
Em 2016, a corporação registrou 1.987 aposentadorias de PMs (10% do total em atividade). Equivalente a 5,4 desligamentos por dia, o número triplicou em comparação com 2010 e superou o recorde de 2015 (veja o quadro abaixo).
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Por lei, os policiais podem ir para a reserva com 30 anos de serviço, o que contribui para a ampliação do déficit – hoje, existem cerca de 19,2 mil PMs ativos, mas o ideal seriam 37 mil. Para reduzir essa diferença, em dezembro, o governo do Estado formou 166 soldados, que passaram a atuar nas ruas de Porto Alegre, Viamão, Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Canoas. No fim do primeiro semestre de 2017, deverão se formar mais 1.040 profissionais, que estão com curso em andamento. A previsão é de que o grupo comece o estágio até março.
Apesar dos esforços do Palácio Piratini, o contingente é insuficiente para suprir a lacuna. O salto no número de baixas em 2015 e 2016 se deve, conforme a Associação dos Cabos e Soldados da BM (Abamf), às medidas de contenção adotadas pelo governador José Ivo Sartori – entre as quais o congelamento de promoções, que perdurou até meados do ano passado.
Na avaliação do presidente da Abamf, Leonel Lucas, a projeção da secretaria está subestimada. Ele projeta que cerca de 3 mil PMs alcançarão 30 anos de serviço em 2017, preenchendo o requisito para a aposentadoria. Lucas afirma que os policiais se sentem desestimulados e, como os professores, também temem os rumos da reforma da Previdência, embora tenham ficado de fora da proposta em debate no Congresso.