O buraco aberto na Rua Doutor Timóteo o segundo em menos de um mês seria apenas mais um sinal da péssima qualidade da pavimentação na Capital, não fosse o fato de estar localizado na área do Conduto Forçado Álvaro Chaves. A obra significou o fim de um pesadelo para moradores de nove bairros, que sofriam com os frequentes alagamentos, mas antes de completar cinco anos revelou problemas que levantaram uma série de suspeitas, por parte do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia e do Ministério Público Estadual.
Arquiteto responsável pela obra durante oito anos, Sérgio Zimmermann diz que os problemas não têm a ver com o conduto, como suspeitam professores e técnicos do Crea. Diz que os buracos são consequência do excesso de chuva e têm até um apelido no jargão de quem trabalha com drenagem: "chupões". O arquiteto sustenta que os "chupões" ocorrem em diferentes áreas da cidade, depois de chuvas fortes, e o Departamento de Esgotos Pluviais corre para consertá-los. Os buracos da Doutor Timóteo só teriam chamado a atenção pela coincidência de estarem na área do conduto.
Zimmermann só reconhece como problema do conduto o rompimento ocorrido em fevereiro na Rua Coronel Bordini, que engoliu uma parte da rua e os carros estacionados no local. A comissão do Crea que inspecionou a obra e os documentos referentes à construção apontou uma série de problemas. Teriam ocorrido falhas na fiscalização de todas as etapas, apesar de ser uma obra financiada pelo Banco Mundial, que acompanha todos os passos para liberar recursos. A prefeitura anunciou a contratação de empresa para analisar a situação do conduto e, se for o caso, determinar às construtoras que façam consertos.
Como o prazo de garantia da obra termina em maio de 2014, é real o risco de a prefeitura ter de arcar com o custo do conserto de problemas decorrentes de falhas na construção. Por isso - e para garantir a segurança de quem trafega sobre o conduto -, o MP entrou com uma ação contra o município. Uma obra que custou R$ 60 milhões e que ainda está sendo paga pelos contribuintes não pode ficar sob suspeita de que é uma bomba prestes a explodir. Se houve negligência, quem falhou terá de ser responsabilizado.
Opinião
Rosane de Oliveira: "Mais do que um buraco de rua"
Rosane de Oliveira
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