Conhecida mundialmente por mobilizar petições online, a organização não governamental (ONG) Avaaz anunciou nesta quinta-feira (17), pelo Twitter, um prêmio de US$ 100 mil (em torno de R$ 370 mil) em troca de informações que comprovem fraude eleitoral cometida por qualquer um dos candidatos a presidente do Brasil, membros de suas campanhas ou outras pessoas que tenham agido com o conhecimento do presidenciável em benefício dele.
Lançada a nove dias do segundo turno, a oferta da ONG internacional busca combater a disseminação de notícias falsas que possam mudar o resultado das eleições. "Nós vimos o que acontece quando corruptos tomam o poder e queremos parar isso. É por isso que lançamos esse prêmio antes do segundo turno: para garantir que brasileiros em todo lugar tenham a chance de saber a verdade antes de decidir seu voto", respondeu a equipe brasileira da Avaaz a GaúchaZH sobre os motivos da campanha.
O site pede informações e evidências confiáveis sobre divulgação de fake news sejam enviadas pelo link EleiçõesLeaks, considerado pela própria ONG como "seguro". Para proteger o anonimato de informantes, a entidade sugere utilizar o navegador Tor, que permite que o usuário navegue sem ser identificado.
Poderão ser pagos até três prêmios de US$ 100 mil para as três primeiras pessoas que apresentarem informações verídicas e verificáveis que levem a uma condenação judicial de candidatos. Embora o foco seja o período pré-eleitoral, a campanha ficará aberta até o dia 28 de abril de 2019.
A campanha foi lançada no dia seguinte à divulgação da reportagem da Folha de S.Paulo sobre o suposto disparo em massa de mensagens via WhatsApp contra o candidato a presidente Fernando Haddad (PT) por empresários que apoiam o rival Jair Bolsonaro (PSL). No entanto, a Avaaz afirma que a proposta de oferecer recompesa por informações já vinha sendo pensada há mais tempo e, inclusive, foi publicada no site no dia 11.
Ao anunciar a campanha no Twitter, a ONG usou a hashtag #Caixa2doBolsonaro, além de #Haddad #FakeNão #BrasilDecide e #LavaZap. Apesar das críticas de apoiadores do candidato do PSL, a Avaaz se autodeclara "financeiramente e politicamente independente de qualquer partido ou empresa"
A entidade diz que a escolha das hashtags se deu porque "elas eram as mais relevantes naquele momento e queríamos entrar nessas conversas. O uso dessas hashtags não deve ser inferido de que estamos assumindo qualquer posição política ou favorecendo qualquer candidato, e fica claro em nosso comunicado de imprensa que buscamos informações sobre qualquer um dos candidatos".
O valor da recompensa é fruto da arrecadação de financiamentos lançados pela plataforma. "Ao contrário de outras ONGs, nós não aceitamos dinheiro de empresas, governos ou partidos políticos. São as contribuições de nossos membros do mundo todo, inclusive brasileiros, que financiam nossas atividades, incluindo este prêmio", afirma a Avaaz.