Os requerimentos que pediam a criação das duas frentes parlamentares religiosas, a evangélica e a cristã, foram retirados da pauta da sessão da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul desta quinta-feira (13). A ação ocorreu devido os autores das frentes decidirem por unificar os grupos. Caso decidam por solicitar uma nova criação, o tema precisa ser discutido e votado.
O autor da Frente Cristã, o vereador Pedro Rodrigues (PL), explicou a decisão.
— Protocolamos no mesmo dia, sem ter combinado, sem um saber do outro. (As frentes) têm os mesmos objetivos, os mesmos princípios, então a gente combinou com todos os que assinaram (os requerimentos) para que fossem unificadas. Muito em breve a gente já vai estar trazendo ela melhor formatada e unificada — explica Rodrigues.
Porém, antes do início da sessão, os vereadores Calebe Garbin (PP), autor da Frente Evangélica, Rodrigues e Claudio Libardi (PCdoB) conversaram sobre os objetivos dos grupos. Libardi diz que argumentou sobre a necessidade de uma frente em defesa de todas as religiões, no entanto, frisou que o Estado é laico e que todos têm direito de defender as respectivas bandeiras.
— Eu falei para o Calebe que, se fosse para criar de uma religião, a gente ia ter uma certa pressão popular para criar de todas. Então eu sugeri para que, se eles (Calebe e Pedro) entendiam como necessárias (as frentes), eu tinha disponibilidade até de assinar com ele, mas uma em defesa da liberdade religiosa. (Além disso), cada um exerce do jeito que quer, o Estado é laico, a gente não vai se converter a nada mas, o que eu também sugeri foi que tirassem (os requerimentos) e que tivessem uma adesão da integralidade dos pontos que tratam da mesma coisa em uma só frente. Mas não é uma posição só minha. Todo mundo ajudou (nesse debate) — salienta Libardi.
Questionado sobre a sugestão de Libardi, o vereador do PL reforçou que será apenas a cristã, mas que vão respeitar as demais.
— Será mais específica a Frente Cristã mesmo. Claro que dentro dessa frente a gente defende a liberdade religiosa de todos. Por exemplo, no dia a dia, você não vê um cristão, com os princípios cristãos, judaico-cristão, fazendo manifestos, fazendo exposição contra outras religiões. Não é do nosso perfil fazer isso. A gente pede que sejam respeitadas todas as religiões — acrescenta Rodrigues.
O parlamentar Calebe Garbin concordou com Rodrigues, destacando a defesa ao cristianismo na frente que será protocolada.
— Vai se tornar uma Frente Parlamentar Cristã, e, dentro dessa frente, um dos pontos vai ser o aspecto da liberdade religiosa, ou seja, a proteção do local de culto, que já é um instituto sacralizado pela condição federal, muito embora isso seja desrespeitado muitas vezes. Em um segundo momento, também, a questão do vilipêndio, que também é um crime, onde demonstra esse desrespeito com relação a símbolos sagrados, especialmente com relação aos católicos, que têm muito materializado a sua fé em uma imagem, em um objeto, como, por exemplo, o crucifixo — comenta Garbin.
O vereador do PP também disse que os evangélicos e os católicos só "querem o espaço que é deles".
— Quando nós falamos em liberdade religiosa, estamos falando de todo mundo. Então de maneira indireta, todas as religiões vão ser contempladas, porque os evangélicos e católicos não querem tomar nenhum espaço, querem o espaço que é seu — finaliza Calebe Garbin.