A admissibilidade do pedido da cassação do vereador Hiago Morandi (PL) foi arquivada pela maioria dos votos na sessão ordinária desta terça-feira (4). No entanto, o assunto não deve ser encerrado tão cedo. Os vereadores Cláudio Libardi (PCdoB) e Andressa Marques (PCdoB) denunciaram Morandi ao Ministério Público Federal (MPF) por supostas agressões a moradores de rua de Caxias do Sul.
Quem protocolou o pedido de cassação de Morandi foi o vice-presidente do PSOL municipal, Paula Inda, no dia 29 de janeiro. No texto, ele acusou o vereador de expor pessoas em situação de rua nas redes sociais e que a postura do parlamentar era "incompatível com o decoro parlamentar e atentatória à dignidade humana".
Diante disso, conforme orientação do jurídico da Câmara de Vereadores, a solicitação foi lida no plenário e colocada para apreciação na sessão desta terça. Libardi declarou seu voto favorável ao arquivamento do pedido, mas informou que iria formalizar uma denúncia contra o vereador no MPF.
— Acho que o senhor incorreu efetivamente numa supressão de dignidade humana e que deve responder por incorrer, mas eu acho que essa Casa não é competente para que se responda aqui (pela acusação) — salientou Libardi.
Sua companheira de bancada e 2ª vice-presidente da Mesa Diretora, a vereadora Andressa, também se manifestou pelo arquivamento do pedido e declarou que faria uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF):
— Recebi uma denúncia de duas pessoas em situação de rua que vieram aqui hoje (na Câmara). Elas disseram que foram agredidas pelo vereador e pela sua equipe. Eles estavam dormindo embaixo de uma marquise, não estavam usando drogas, que também é uma questão de saúde. Nós vamos averiguar, não estou dizendo que o senhor cometeu crime, mas que recebemos a denúncia. Isso é grave e como meu colega de bancada (Libardi) falou, nós vamos denunciar ao Ministério Público (Federal).
Segundo a vereadora, a denúncia foi feita algumas horas após a sessão. Ela ainda explica que foi feita ao Ministério Público Federal em função de ser uma suposta infração da dignidade humana, situação que cabe averiguação do MPF.
Morandi diz que agressões "dependem do ponto de vista"
Após a votação na terça-feira, Morandi manifestou-se sobre as questões levantadas por Libardi e Andressa, comentando que eles poderiam ter tentado resolver o problema dos moradores de rua antes de ele ter começado a expor os casos.
— Eu queria que eles tivessem essa mesma iniciativa e essa mesma vontade de ter resolvido o problema, enquanto a gente estava, de madrugada, olhando alguns lugares onde tem gente dormindo em marquise ou bebendo. Tem uma imagem que eu fiz, não divulguei, de uma pessoa seminua deitada na calçada. Eu não vi eles cobrarem com essa mesma efetividade — destacou Morandi.
Já sobre as supostas agressões, Morandi disse que "depende do ponto de vista":
— Eu fico triste, falaram também de agressão, que vão apresentar denúncia, que a gente agrediu. Depende do ponto de vista: se eu tentar coibir alguém que está usando crack na região central é ser agressivo, aí é uma leitura que eles fazem. Eu discordo totalmente e a gente acredita que chamando atenção para o problema, agora ele vai ser resolvido. Nos próximos dias, terei uma reunião com Samuel Ávila (presidente da FAS) e enquanto tinha gente vindo aqui protocolar o pedido da cassação, nós estávamos em um dos lugares que acolhem moradores de rua para buscar soluções. Então a minha missão é essa, buscar solução.