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Após um mês da nomeação ao cargo de coordenador da assessoria de gabinete da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado, Micael Carissimi foi exonerado do cargo nesta segunda-feira (26). Carissimi é suspeito de ser mandante do atentado contra o jornalista Daniel Carniel, em janeiro de 2022, em Garibaldi.
Ele foi nomeado ao governo estadual no início de maio, com salário bruto para o cargo de comissário superior de R$ 14.449,00. Antes disso, até o dia 17 de março, ocupava um cargo de assessor especial da Secretaria de Administração Penitenciária, com salário de R$ 18.637,10.
Em nota, a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado informou que "após as averiguações conduzidas juntamente com a Casa Civil, decidiu-se por exonerar Micael Carissimi do cargo de coordenador de assessoria de gabinete". A pasta, na nota, também afirma que "preza por um trabalho ético, responsável e que proporcione e colabore para o desenvolvimento social e econômico do Rio Grande do Sul".
Antes de ser nomeado no governo do Estado, Carissimi era assessor da Superintendência de Comunicação da Assembleia — ele foi exonerado no dia 31 de janeiro de 2022, duas semanas após o atentado em Garibaldi. Ele também foi secretário de Administração em Garibaldi de 2013 a 2016 e secretário de Obras da cidade em 2017.
Contraponto da defesa de Carissimi
O advogado Ricardo de Oliveira Silva, que defende Micael Carissimi, não comentou diretamente sobre a exoneração, mas afirma que o cliente"não foi acusado de nada" e que "aguarda com tranquilidade a manifestação do Ministério Público para, se for o caso, o que não acredita, poder demonstrar que (Carissimi) nada teve a ver com aquele episódio (atentado em Garibaldi), praticado por pessoa que sequer conhecia".
Relembre o caso
Conforme consta no inquérito policial, Micael Carissimi teria sido o mandante da agressão sofrida pelo jornalista Daniel Carniel, no dia 14 de janeiro de 2022. Carniel foi espancado quando chegava para apresentar um programa numa televisão na cidade. Câmeras de segurança flagraram dois homens, também indiciados pelo ataque, em frente ao prédio. O vídeo mostra um homem, de mochila, afastando-se e o agressor, de máscara, entrando no local.
Em depoimento à Polícia Civil, o agressor declarou que teria recebido R$ 500 de um terceiro homem supostamente contratado pelo ex-secretário para encomendar a agressão ao jornalista. A hipótese de motivação é de que o ato seria uma represália a reportagens veiculadas por Carniel, segundo relatou um dos indiciados no caso.
O inquérito com o indiciamento por lesão corporal em Garibaldi está sendo examinado pelo Ministério Público, que, antes de decidir se denuncia o político ou arquiva a investigação, pediu uma perícia complementar para avaliar a gravidade das lesões sofridas pelo jornalista.
Fraude em licitações
Além do indiciamento criminal, Carissimi também foi investigado na Operação Caementa, que apura suspeita da fraude em licitações quando era secretário de Obras de Garibaldi. Ele foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de corrupção passiva e por supostamente integrar organização criminosa. Carissimi é suspeito de receber pagamentos regulares de uma empresa de concreto.
Em operação realizada em novembro de 2018 pelos agentes federais, foram encontrados R$ 10 mil em dinheiro no carro do então secretário e R$ 162,5 mil na casa dele.
"Registre-se que os valores estavam acondicionados em envelopes com a identificação da empresa Concresart Tecnologia em Concretos LTDA", apontou o relatório da PF.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal, o caso segue sob apuração, ainda sem exame da denúncia pelo Ministério Público Federal, que está responsável pela apuração da suspeita de corrupção passiva e possível participação em organização criminosa.
A mesma operação motivou a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, que ainda não foi concluído. O MP estadual investiga o pagamento de suposta propina.
Nota do grupo Supertex Concreto Ltda
"O Grupo Supertex Concreto Ltda (Em Recuperação Judicial), do qual faz a parte a empresa Concresart Tecnologia em Concretos Ltda., encontra-se capitaneado por Gestor Judicial desde o início do ano de 2019, em razão da deflagração da Operação Caementa, em novembro de 2018.
De lá para cá, a empresa implementou diversos programas de compliance, visando a atuação dentro das mais estritas regras de conformidade, relativamente às suas áreas de atuação, e vem colaborando com as autoridades em todas as demandas oriundas do juízo criminal.
Por conta disso, a empresa, por sua atual gestão, não tem informações que possam ser prestadas, relativamente a fatos anteriores à nomeação do Gestor Judicial, que não as que já constam dos inquéritos e ações penais em curso, dos quais - importante que se frise - não é investigada ou processada, mas um terceiro diretamente interessado."