Nesta segunda-feira (2/5), às 18h, está marcada uma sessão ordinária na Câmara de Vereadores de Farroupilha para discutir o serviço fornecido pela Rio Grande Energia (RGE) e as regulamentações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A sessão é aberta ao público e terá transmissão ao vivo pelo canal no Youtube do Legislativo de Farroupilha.
A sessão destinada ao assunto foi proposta pelo vereador e presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Agronegócio, Roque Severgnini (PSB). De acordo com o parlamentar, ele tem sido procurado pela população da área rural para relatar diversas situações de falta de energia elétrica e a demora no restabelecimento. Segundo Roque, esses casos têm aumentado nos últimos 12 meses. Para ele, os agricultores e criadores de animais são os mais afetados.
— Cada propriedade (rural) é como se fosse uma empresa. Se falta energia na propriedade, afeta eles diretamente — destaca o vereador.
Roque diz estar preocupado com a situação do município e pretende que a sessão gere bons frutos. Estarão presentes no encontro os deputados federais Heitor Schuch (PSB-RS), Pompeo de Mattos (PDT-RS), Márcio Biolchi (MDB-RS) e Maurício Dziedricki (Podemos-RS). Dois representantes da RGE também estão confirmados: Laise Grzebieluckas e Cristiano Pires. Além deles, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Poder Judiciário, Defensoria Pública e Ministério Público.
Na opinião do vereador, a RGE "nunca nos deu muita atenção", por isso, ele propôs que seja debatido o assunto com autoridades políticas e judiciárias. O vereador afirma que a discussão irá se debruçar sobre o papel da Aneel na fiscalização da autorização de distribuição de energia elétrica que a RGE possui. Segundo ele, os prazos para restabelecer a ligação não estão sendo cumpridos pela empresa.
Conforme legislação, o prazo máximo de atendimento para religação de unidades consumidoras em área urbana é de 24 horas e para área rural, 48 horas. Em casos de urgência, o tempo cai para quatro horas em área urbana e oito horas na rural.
— Nós não queremos explicações, queremos que a RGE atue de forma preventiva. Que seja uma empresa que possa se antecipar aos fatos e não somente reagir. Nós queremos um plano de prevenção — destaca Roque.
Agricultores relatam prejuízos
Dois casos em janeiro e fevereiro deste ano chamaram a atenção do vereador Roque. Um deles foi na localidade de Linha Sertorina, no 3º Distrito de Farroupilha. Nesse caso, um poste foi mal instalado por uma empresa terceirizada da RGE, caiu e atingiu uma casa, o que iniciou um incêndio no local, queimando a parte superior da residência.
Segundo o mecânico Ivanor Pertile, dono da propriedade em que aconteceu o incêndio, eles ficaram de 11/02 a 16/02 sem luz, abriram diversos protocolos e a empresa sempre dava prazos, mas não restabelecia a energia elétrica. O medidor de luz e o relógio foram destruídos pelo fogo. Segundo Ivanor, mais sete vizinhos ficaram sem luz no período.
O outro caso foi na localidade de Desvio Blauth, também interior de Farroupilha. Anderson Sipp, produtor de leite e criador de animais, informou que ficou sem luz de 14/01 a 17/01. Segundo ele, outras 20 famílias da região foram lesadas. Protocolos também foram abertos pelos moradores informando a falta de luz na região.
Anderson contou que, logo no começo do ano, uma das fases caiu, a situação foi arrumada pela empresa, mas logo nos dias seguintes o problema retornou. Nesses dias sem luz, o agricultor não conseguiu fazer a ordenha do leite das vacas, o que gerou mastite nos animais. Além disso, muitos litros de leite que já estavam prontos teria estragado pela falta de refrigeração. No total, o produtor conta que perdeu mais de 50 animais, incluindo galinhas, patos e coelhos.
O principal problema, de acordo com Anderson, é que a empresa informava que a luz voltaria em determinado dia e hora, e depois isso não se confirmava.
— Se a gente soubesse que não voltaria a luz, teríamos "arrendado" um gerador, teríamos dado um jeito. Ficamos na esperança que iria voltar e não voltava — contou o produtor.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da RGE e questionou se a empresa tinha relatos e providências sobre os dois casos. Segundo a assessoria, por serem casos específicos e que demandam muita pesquisa, as informações solicitadas só poderiam ser entregues à reportagem nesta segunda-feira (2/5).
Em nota, a assessoria informou que em 2022, até março, já foram investidos R$ 2,2 milhões na inspeção, manutenção e construção de novas redes de distribuição, além da instalação de 3 novos religadores, totalizando 60 desses equipamentos instalados em Farroupilha. Até o final do ano, estão previstas a manutenção de 222 km de rede, a substituição de 600 postes e a distribuição de lâmpadas de LED para mais de 1,5 mil clientes de baixa renda, dentro do Programa de Eficiência Energética.
RGE é presença frequente na Câmara
Em março, a consultora de negócios da RGE, Laíse Grzebieluckas, esteve na sessão do Legislativo farroupilhense estimulada pela Frente Parlamentar de Defesa do Agronegócio, após demandas de oscilações na energia elétrica do interior e relatos de demora no atendimento para registro e manutenção das ocorrências. Laise enfatizou a necessidade do registro por parte do cliente nos casos de ocorrências de falta de luz.
Em 13 de abril, outra reunião foi feita para esclarecimentos que não foram obtidos na sessão ordinária com a consultora. Conforme apresentado pela equipe da RGE, liderada pelo gerente de relacionamento com o poder público, Cristiano Pires, foram investidos no município R$ 7,3 milhões em obras de melhoria, expansão e manutenção de redes de energia e atendimento ao cliente em 2021. Entre os recursos, houve a troca de 447 postes de madeira, o que totalizou a instalação de postes de concreto em 75% no município.