Buzinas de veículos e manifestantes gritando "fora Bolsonaro" interromperam o silêncio de mais um pacato domingo em Caxias do Sul. Por volta das 15h15min deste domingo (31), mais de 100 veículos participaram da carreata, que se iniciou em frente à Maesa e percorreu as ruas centrais da cidade.
O ponto de encontro foi a Praça Dante Alighieri, que reuniu cerca de 300 manifestantes, entre estudantes, artistas, líderes de movimentos sociais e sindicais, além de lideranças políticas dos partidos Rede, PDT, PT, PCdoB e PCB. Todos usavam máscara, à exceção de quando um deles fazia o pronunciamento ao microfone. A dispersão foi rápida, por conta das medidas de prevenção ao contágio do coronavírus.
A manifestação clama pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O coro "fora Bolsonaro" é motivado, segundo os organizadores, pela incapacidade do presidente na administração das crises sanitária e econômica.
— A pauta nacional é a crítica à condução de Bolsonaro à crise sanitária e econômica. Estamos vendo empresas indo embora do país, a geração de emprego está praticamente zero, e as reformas da previdência e trabalhista passaram no Congresso e no Senado, com o argumento de que isso iria gerar mais emprego, mas não vemos isso na prática — explica David Orsi Carnizella, professor de História e representante do CPERS - Sindicato, e um dos organizadores do Fora Bolsonaro, em Caxias.
No Brasil, cerca de 60 cidades, sendo 17 capitais, mobilizaram-se para o ato, conforme a Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, que integram a organização nacional. Manifestações também ocorreram em cerca de 20 países. Ivanir Perrone, integrante do diretório nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e uma das organizadoras da manifestação em Caxias, explica que a mobilização ocorreu neste domingo, porque nesta segunda-feira (1º/02) ocorre a votação para a escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados.
— Nós pensamos em organizar uma manifestação maior, mas fomos orientados pelos partidos a não promovermos aglomerações. Poderíamos colocar mais de mil pessoas aqui na praça, mas não é o intuito, porque ainda estamos em pandemia. O impeachment não depende apenas da nossa mobilização, mas o novo presidente da Câmara vai ter de enxergar o nosso movimento. Porque é o presidente da Câmara Federal quem vai ter de decidir se coloca ou não em votação o impeachment — observa Ivanir Perrone.
A vereadora Denise Pessôa (PT) estava entre os manifestantes. Para ela, o impeachment se justifica porque, na sua visão, o presidente Bolsonaro é o responsável pela crise sanitária, que gerou as crises econômica e política.
— A cada dia que o Bolsonaro se mantém no poder ele acaba sendo um potencializador dessa crise sanitária que estamos vivendo no Brasil. Por isso, é urgente e necessário o processo de impeachment. Não é à toa que temos mobilização da direita e da esquerda querendo o impeachment, desde o MBL aos movimentos de esquerda — defende Denise.
Pesquisa revela equilíbrio entre aprovação e desaprovação do governo
Nova pesquisa aponta equilíbrio entre os brasileiros que aprovam e desaprovam o governo Bolsonaro. A Paraná Pesquisas divulgou sua apuração no domingo (31/01).
O percentual de pessoas que reprovam a administração do presidente da República é de 48,5%. Já os que aprovam o governo são 47,2%.
A pesquisa foi realizada por telefone, com 2.022 entrevistados, de 26 estados e do Distrito Federal, entre 22 e 26 de janeiro de 2021. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais.
Avaliação da administração de Bolsonaro (%)
aprova: 47,2
desaprova: 48,5
não sabe/não opinou: 4,4
ótima: 13,3
boa: 20
regular: 25,40
ruim: 12,10
péssima: 27,5
não sabe/não opinou: 1,6
Fonte: Paraná Pesquisas, divulgada em 31 de janeiro.