Carlos Antônio Búrigo é nascido nos Campos de Cima da Serra, em uma comunidade chamada Capela, que pertencia a Bom Jesus e atualmente faz parte de São José dos Ausentes.
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O candidato a prefeito pelo MDB à prefeitura de Caxias do Sul, cresceu em meio ao campo, contemplando a imensidão dos cânions, preocupado em estudar e jogar futebol. Até pouco tempo, antes da cirurgia nos dois joelhos, Búrigo diz que ainda arriscava uma partida, sempre como goleiro.
— Meus pais brigavam comigo por causa disso (risos). Porque, imagina, lá no interior, como tinha pouca gente que jogava como goleiro, eu acabava atuando em vários times. Estudava e trabalhava e, à noite e nos finais de semana, passava o tempo jogando bola —recorda Búrigo, 56, casado com Danusa Liege Velho Búrigo, e pai de Larissa, 28 e, Felipe, 19.
Além dessa memória futebolística, Búrigo traz à cena imagens da infância que remetem ao ciclo de extração de madeira.
—Lembro que meu pai saía cedo para trabalhar, por volta das 5h, 5h30min, e muitas vezes, voltava só as 22h.
O pai e o avô de Búrigo tinham serraria. Quando o pequeno Carlos nasceu, seu pai, Ilton, recebeu a missão de extrair madeira no interior de Bom Jesus.
— Ficamos nessa região até quando completei oito anos. Eu estudava à tarde. Pela manhã, bem cedo, eu tinha de levar o café, pão e queijo, para o meu pai. Eu colocava em uma sacola, caminhava uns 2 a 3km, até o local onde meu pai estava serrando os pinheiros, para que ele tomasse o café — recorda.
Búrigo conta que os pais, Ilton Búrigo e Inês Borghetti, insistiam muito para que ele e os irmão estudassem. Quando terminou o ensino médio, ainda estudando em Bom Jesus, Búrigo resolveu fazer vestibular para o curso de Engenharia Civil.
— Como conhecíamos pessoas de Bom Jesus que estudavam e moravam em São Leopoldo, acabei indo para a Unisinos. Passei no vestibular e, depois de dois semestres, resolvi trocar de curso. Comecei então a fazer Ciências Contábeis.
Búrigo permaneceu em São Leopoldo de 1982 a 1993, trabalhando em imobiliária, agência bancária, e em uma empresa calçadista, na parte financeira e em recursos humanos. A carreira administrativa na iniciativa privada estava fluindo. No entanto, nos finais de semana, quando voltava aos Campos de Cima da Serra, para visitar a família, duas portas se abriram para trabalhar no poder público.
DOIS CONVITES
Talvez ainda na juventude Búrigo tivesse o sonho de ser "disputado" por clubes de futebol, ávidos por contar com um goleiro que pudesse fechar a meta. No entanto, a vida real nem sempre imita os sonhos da infância. Pois bem, coube a dois recém-eleitos prefeitos, um deles de Bom Jesus, outro, de São José dos Ausentes, município que havia sido emancipado, o convite para que Búrigo ocupasse um cargo de gestão pública.
— Quando emancipou Ausentes, em 1992, não tinha muita mão de obra para esta parte burocratizada. Então, o prefeito de lá, Aldir Rovaris (MDB), através do meu sogro, me convidou para que eu fosse secretário. Era um desafio interessante, pois teríamos de começar tudo do zero — explica.
Na semana seguinte, Búrigo recebe outro convite.
— Ao mesmo tempo, ganhou em Bom Jesus, o Luis Paim (MDB), que me convidou para ser secretário da Fazenda.
Búrigo, aos 28 anos, recém-casado e formado em Ciências Contábeis, acabaria partindo de São Leopoldo para trabalhar no primeiro mandato em Ausentes.
PREFEITO AOS 33 ANOS
A escolha por Ausentes, em detrimento de Bom Jesus, deve-se ao desafio de criar legislação e normas a partir do zero. Búrigo acabou filiando-se ao MDB, tendo sido registrado por Mendes Ribeiro (1929-1999). Na eleição seguinte, em 1996, para a surpresa de Búrigo, ele receberia um novo convite do então prefeito Aldir Rovaris.
— O prefeito me chama e diz: "Tu vai ser o candidato". Mas eu?, questionei a ele. Eu disse que era o cara da burocracia, ficava ali meio escondido. E o prefeito me disse: "Ah, mas tu vai concorrer, sim, porque as pessoas gostam de ti".
Para encurtar o enredo, Búrigo acabou eleito o segundo prefeito de Ausentes, em 1996, com 57% dos votos. Na eleição seguinte, em 2000, se tornou o primeiro prefeito de Ausentes a ser reeleito, dessa vez, com 88,92% dos votos.
REFERÊNCIAS NA POLÍTICA
Carlos Búrigo não é o primeiro da família na política. Seu avô paterno, o Gilio, já havia sido subprefeito de Silveira, na época, distrito de Bom Jesus.
— Meu avô gostava muito de política. Meu pai dizia que ele tinha colocado muito dinheiro na política. Porque ele nunca foi candidato, mas era cabo eleitoral e ajudava quem ele simpatizava — recorda.
Para além dessa raiz, Búrigo diz que os princípios aprendidos em casa são ainda uma referência da sua atuação.
— Creio que a boa formação e educação, que trouxe de família, de querer fazer o bem, ser sério e honesto foram a base.
E por fim, lista como a terceira referência, e mais efetiva desde sua entrada na política, a do ex-governador e ex-prefeito de Caxias.
— O Sartori é a minha grande referência na política. Com ele, aprendi a fazer política servindo as pessoas.
CAXIAS PRECISA DE UM PREFEITO
Chegando ao final da entrevista, Búrigo levanta uma questão pertinente, quando perguntado qual o maior desafio para Caxias. De bate-pronto, responde com uma provocação:
— O grande desafio de Caxias é que precisamos de um prefeito, no conceito da palavra.
— O que é um prefeito, como o senhor diz, no "conceito da palavra?"
— O prefeito é aquele cara que cuida da cidade e das pessoas. Além disso, tem de ter a capacidade de dialogar com todos os segmentos da sociedade, porque é preciso construir convergências dentro das divergências. E por fim, precisa projetar a cidade para o futuro — resume.
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