O presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, viu o pedido aos presidentes dos partidos de reduzir o número de candidatos a deputados estaduais e federais por Caxias fracassar. Desde o início do ano, a CIC conversou com os representantes das principais siglas para apresentarem menos candidaturas na tentativa de concentrar a votação e aumentar o número de eleitos. O objetivo é aumentar a representação política da cidade.
– A CIC não ficou satisfeita. Achamos que teríamos menos candidatos.
Na entrevista abaixo, Gasparin comentou também sobre as reivindicações do meio empresarial para os candidatos à Presidência e ao governo do Estado. Confira.
Pioneiro: Como a entidade pode ajudar para que Caxias tenha uma representatividade política maior?
Ivanir Gasparin: Desde o início deste ano, chamamos os presidentes dos partidos e cobramos a responsabilidade de colocar menos candidatos da nossa região. Daqui uns dias, vamos começar a pedir o voto consciente e vamos falar do voto útil. É muito importante que tenhamos representação. Não podemos pensar somente em Caxias do Sul, temos que pensar na região.
Qual a representação mínima de Caxias do Sul que a CIC entende necessária na Assembleia e na Câmara?
Estamos sendo humildes. Nós poderíamos ter no mínimo quatro deputados federais e quatro estaduais, mas nos contentaríamos com dois ou três estaduais e dois federais.
A CIC ficou satisfeita com o número de candidatos?
A CIC não ficou satisfeita. Achamos que teríamos menos candidatos. Infelizmente, temos muitos partidos, então se cada partido colocar um ou dois (candidatos) como foi feito aqui e na região tem esse número, infelizmente. Temos que pensar uma reforma política e na diminuição do número de partidos, caso contrário só vamos ter partidos nanicos daqui a um tempo.
No entendimento da CIC, quais as prioridades da região?
Estamos entregando uma carta para os candidatos já oficializados, mas as prioridades principais são obras de infraestrutura, e estamos falando também na facilidade de fazer negócios. O Estado, em nível municipal, estadual ou federal, tem amarrado o empreendedor. Está difícil de fazer negócio, precisamos de um ambiente amistoso para fazer negócio, como aconteceu em todos os países que cresceram rapidamente no último século.
Quais as reivindicações na área de infraestrutura?
Pedimos urgentemente a duplicação da ERS-122 de Caxias do Sul até a Capital. Isso é imprescindível, porque não é possível que a gente ainda tenha que estar discutindo isso. Uma cidade como Caxias não tem pista dupla para sair da cidade, nos parece algo inadmissível. Depois estamos falando em aeroporto, mas o básico é tornar a vida do empreendedor mais fácil e isso parte da infraestrutura. O Estado precisa facilitar a vida do empresário no sentido de que não tenhamos tantas amarras para fazermos negócios.
A construção do Aeroporto de Vila Oliva é uma reivindicação?
Já pedimos para o prefeito (Daniel Guerra), também para o governo do Estado. Estamos esperando a desapropriação (do terreno onde será construído o novo aeroporto). É óbvio que esse tema também está na pauta. A única resposta é que há falta de recursos, mas chega né. O Estado foi feito para pagar salários, mas também para ajudar a população com prestação de serviço. Neste momento, me parece que o Estado, as três esferas usam praticamente toda arrecadação para pagar a folha de pagamento. No primeiro ano do próximo governo, é preciso fazer o pacto federativo, caso contrário estamos vendo problemas logo aí na frente.
Como os novos governantes podem auxiliar na competitividade de Caxias?
Primeiro, enxugando um pouco o Estado. O Estado tem que ser menos pesado, menos interventor. Quando o Estado começa a fazer obras e baixar os impostos, o país tem um crescimento. Temos que parar de falar somente em segurança porque não temos. Temos que falar em empreendimentos empresariais porque, se a pessoa está empregada, ela sai do SUS, ela não pressiona o Estado para ter educação.
A CIC apoiaria um candidato que admitisse aumentar impostos?
Não, não. Chega. Nós já chegamos no limite. A gente não apoia candidato que aumenta impostos.
O que a entidade espera do próximo governador?
O próximo governador não pode só olhar para dentro, para resolver os problemas dos servidores. O governo não foi feito só para pagar a folha de pagamento. Nós falamos em privatização, não tenho medo em falar em privatização. Como empresário, não admito que estatais hoje paguem salários de R$ 20 mil. Não existe empresa no mundo que pague salário médio de R$ 15 mil ou R$ 20 mil, como tem acontecido aqui nosso Estado.
O senhor defende privatizações em quais áreas?
Podem ser privatizadas algumas estradas, desde que tenham contratos abertos. Mas nós precisamos de investimentos, precisamos desamarrar esse Estado. Ele é um elefante que, além de moroso, não está deixando ninguém trabalhar. O Estado tem que recuar para que a população avance.
E o que a entidade espera do próximo presidente da República?
Precisamos ter credibilidade tanto nacional quanto internacional para que os agentes econômicos façam a sua parte. Precisamos copiar exemplos de países que deram certo, como por exemplo a Coreia do Sul. Precisa ajudar quem mais precisa. Não podemos segurar aquelas pessoas que se propõem a trabalhar, a produzir mais, gerando mais impostos. Acredito que, gerando mais impostos, automaticamente, o governo pode começar a pensar na redução de impostos.