O Brasil praticamente parou no dia 29 de setembro de 1992 para acompanhar a votação do impeachment pela Câmara dos Deputados. Em Caxias, milhares de pessoas se reuniram na Praça Dante Alighieri para assistir à sessão em um telão. Entre os caras-pintadas, a jovem Fabiana Baldisserotto Cavalcanti, 15 anos.
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Estudante do Cristóvão de Mendoza, ela acompanhou a votação na praça com os colegas de turma. A cada voto favorável ao impeachment, era uma comemoração como de gol em Copa:
- Todo mundo estava empolgado, torcendo por justiça. Todos no clima de que o impeachment acontecesse. Nunca tive ligação com partido político, participei por emoção, por comoção.
Hoje, diferente daquela época, Fabiana diz que não sairia às ruas. A administradora de empresas não acredita que o impeachment de Dilma Rousseff termine com a corrupção.
- Não acho que é um problema apenas do governo. Não acredito que a solução seja a Dilma sair e o (Michel) Temer ou Eduardo Cunha assumir. Seria trocar seis por meia dúzia. Eu sairia às ruas por uma reforma política, para mudar o Congresso - afirma.
Confira outros depoimentos de quem viveu o impeachment de Collor:
Beto Maurer, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) em Caxias do Sul. O MBL é a favor do impeachment de Dilma
"Não participei, porque sou de uma cidade muito pequena do interior, Mata, na região central do Estado, e não teve manifestação lá. Mas era a favor do impeachment. Lembro que estava na escola e era unânime a opinião pela saída do Collor. O clima era praticamente o mesmo de agora. Acompanhei pela TV a votação e foi uma comemoração incrível".
Guila Sebben, vereador pelo PP
"Eu tinha 15 pra 16 anos e participava ativamente do movimento estudantil. A gente acompanhava pelos jornais as pessoas pedindo a saída do Collor. Lembro de um telão na praça transmitindo a sessão, mas não lembro se pintei o rosto. Participei, mas não por conhecimento jurídico, não sabia o que implicava. Collor foi eleito como caçador de marajá, mas não tinha nada, era um factoide, não um estadista. Foi um grande engano"
Prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - subseção Caxias do Sul _ entre 1991 e 1995. A OAB apoiou o impeachment de Collor
"Eu lembro dos cara-pintadas. Nem era vereador naquela época. Era uma coisa muito ruim para o país. Mas foi muito diferente de agora. O Collor não tinha ninguém que o defendesse. A Dilma tem o PT e tantos outros partidos. Mas se for comparar com o Mensalão e o Petrolão, o Collor deveria ter sido julgado nas pequenas causas. Hoje eu vejo um clima quase belicoso, as pessoas se ofendendo, já partem para a grosseria. Naquela época era tranquilo".
Política
"Todo mundo estava empolgado", recorda participante do Fora, Collor em Caxias do Sul
Fabiana Baldisserotto Cavalcanti foi cara-pintada em 1992
Juliana Bevilaqua
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