O Brasil revive, 24 anos após a queda de Fernando Collor de Mello, um novo processo de impeachment, agora contra a presidente Dilma Rousseff. Em 1992, o país, que recém havia eleito um presidente de forma direta após duas décadas de regime militar, assistia e torcia pela saída de Mello. O movimento pelo impeachment tomou as ruas do Brasil, e em Caxias do Sul não foi diferente.
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Entidades estudantis e sindicatos estavam à frente do Fora, Collor na cidade. Entre as ações, a mais marcante foi o ato de 25 de agosto de 1992, na Praça Dante Alighieri. O protesto reuniu milhares de pessoas, principalmente os jovens, que ficaram conhecidos como caras-pintadas.
- Existia um clima muito grande de tirar o Collor, porque ele foi eleito como o caçador de marajás - recorda o então presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UCS, o advogado Vitor Hugo Gomes, 49 anos.
Difícil encontrar, aliás, alguém a favor da permanência de Collor. Conforme o coordenador regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na época, Pedro Pozenato, era consenso a necessidade de afastá-lo da Presidência. Sobre o clima nas ruas, era de tranquilidade, sem embates, segundo ele.
- Era um movimento festivo, não havia medo de desencadear em algo mais forte. Era tranquilo, de debate liderado pela juventude - conta o hoje dirigente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
Fotógrafo do Pioneiro em 1992, Gilmar Gomes, 57 anos, concorda com a unanimidade em relação à saída de Collor e da atmosfera "light" nos protestos. Ele fotografou as manifestações e lembra dos rostos pintados de verde e amarelo e cheios de esperança:
- A sensação era de que estávamos cobrindo uma coisa séria. Tu não ia para a rua com medo de baderna, de ser hostilizado por ser imprensa.
Impeachment e eleições
O processo de impeachment contra Fernando Collor de Mello ocorreu em meio às eleições municipais de 1992 e, como não poderia deixar de ser, os episódios acabaram se misturando.
O Pioneiro de 26 de agosto registra a participação de três dos seis candidatos à prefeitura na época em ato pró-impeachment: Pepe Vargas (PT), José Ivo Sartori (PMDB) e Edio Eloi Frizzo (PCdoB). O vitorioso naquele pleito, Mario Vanin (então no PFL), não participou.
- Collor conseguiu o impossível, unir todos os homens sérios deste país - declarou o hoje governador Sartori naquela manifestação.
Relembre o caso
Maio de 1992: O empresário Pedro Collor de Mello, irmão do então presidente Fernando Collor, revela à revista Veja o "esquema PC", de tráfico de influência e irregularidades financeiras, organizado por Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha de Collor.
Junho de 1992: é criada a CPI para investigar as denúncias.
Julho de 1992: IstoÉ publica informações de Eriberto França, motorista da secretária de Collor, de que as contas da Casa da Dinda eram pagas com depósitos feitos pela secretária de PC Farias.
Agosto de 1992: Collor convoca, no dia 13, a população a sair de casa vestindo verde e amarelo. Mas, três dias depois, as pessoas vão às ruas de preto. Relatório da CPI é aprovado e aponta que mais de US$ 5 milhões oriundos de contas fantasmas e de PC Farias pagaram os gastos pessoais de Collor.
Setembro de 1992: Por 441 a 38, deputados aprovam, no dia 29, impeachment de Collor.
Outubro de 1992: processo chega ao Senado e Collor é afastado temporariamente da presidência.
Dezembro de 1992: Collor renuncia no dia 29. Senado continua a votação e aprova a cassação dos direitos políticos do presidente.
Impeachment
Relembre como foi o Fora, Collor em Caxias do Sul
Quem participou do movimento em 1992 conta como foi a mobilização na cidade
Juliana Bevilaqua
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