
Repercutiram junto à coordenação da Rede Sustentabilidade, partido que a ex-senadora Marina Silva está criando, as declarações do vereador Flávio Dias (PTB), de Caxias do Sul. Ele declarou que deve ingressar na Rede, já anunciando que será candidato a deputado estadual e que a nova sigla, a partir de sua representação na Câmara de Vereadores, passaria a integrar a base do governo de Alceu Barbosa Velho (PDT).
Um dos responsáveis pela articulação da Rede em Caxias, Vinicius Passarella, ficou surpreso com as declarações. Embora saliente que o vereador é muito bem-vindo, lembra que sempre deixaram claro que a Rede não iria para a base do governo.
O ex-vereador Deoclécio da Silva, que deixou o PCdoB para integrar a Rede, acrescenta:
- É bom ter bancada na Câmara, mas a Rede é de independência aos governos.
Já o ex-candidato a governador pelo PV e hoje integrante da coordenação executiva da Rede no Estado, Montserrat Martins, adverte:
- Nenhum membro pode afirmar que o partido fará parte de governos. A Rede não tem dono, é um processo coletivo.
O entendimento é de que o vereador estivesse mal informado sobre os procedimentos da Rede, por ainda estar com o raciocínio de partidos antigos. Montserrat ressalta que há interesse de que lideranças de Caxias se apresentem para concorrer. A intenção da Rede é disputar com nominata completa para deputado federal e estadual.
De 5 a 14 de outubro, serão analisadas as filiações e candidaturas. A possibilidade de o vereador concorrer a deputado estadual existe, desde que esteja coerente com o sentido da Rede, diz Montserrat. O vereador declarou que sua filha Katiúsia Dias também irá para o partido e disputará vaga a deputada federal. Nesta terça-feira, após a sessão da Câmara, haverá uma reunião entre Deoclécio e Flávio Dias.
Já o PTB caxiense não deve tentar manter o mandato na Câmara de Vereadores. O secretário municipal de Obras e vereador licenciado, Adiló Didomenico, cuja vaga é ocupada pelo suplente Flávio Dias, diz que não cria objeções para quem tem vontade de alçar outros voos. Ele garante que não pretende, em represália, assumir sua cadeira no Legislativo.
O presidente do PTB, vereador Flávio Cassina, entende que Dias tem o direito de buscar seus espaços e não há a intenção de tentar reaver o mandato, pois, "mais tarde, Adiló vai voltar (à Câmara)".
Montserrat lembra que não há perda de mandato quando a migração ocorre para partido novo.