
Uma briga nas proximidades da parada de ônibus do Ópera, localizada na Rua Pinheiro Machado entre as ruas Dr. Montaury e Visconde de Pelotas, no centro de Caxias do Sul, deixou dois homens feridos a golpes de faca no último final de semana. Ele é considerada uma das mais movimentadas da cidade. Com o caso, uma questão antiga voltou ao debate: a segurança no local.
A parada foi uma das que recebeu, no ano passado, uma torre com câmeras acopladas, que monitoram quem circula pelo local e contam com identificação facial. Além disso, há um botão vermelho que permite ao usuário chamar as forças de segurança por meio de contato com o Centro Integrado de Operações (Ciop), inaugurado em 2023.
O major Rogério Schuh dos Santos, subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), afirma que a BM intensificou desde o ano passado o patrulhamento a pé no Centro, com foco na redução dos índices de criminalidade, principalmente os roubos a pedestres.
— Como ali (na parada), baixou a incidência dos crimes, acaba não tendo policiamento fixo em alguns horários, mas em vários horários do dia há policiamento fixo ou a pé — destaca.
Schuh relata que o totem auxilia no policiamento. Além disso, o subcomandante destaca que a BM está em tratativas com o poder público para uma ação específica no local:
— As ações estão sendo feitas. Os maiores problemas são nos finais de semana porque aglomera o pessoal.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS), Paulo Roberto Rosa da Silva, diariamente a Guarda Municipal passa pela parada do Ópera. Ele relata que três pessoas foram presas com mandados de prisão em aberto recentemente. Essas ações ocorrem principalmente nos horários com maior movimentação de usuários do transporte coletivo.
— Nós temos feito um trabalho focado, tanto é motivo (de fiscalizações) que foi colocado o totem e mais câmeras, porque é uma parada de ônibus e tem o movimento — diz.
“Temos que sempre andar se cuidando”
Moradora do bairro Kayser, a pedagoga Michele Kugert, 35 anos, passa duas vezes por dia pelo local. Para ela, o totem traz segurança, mas não é suficiente:
— Temos que sempre andar nos cuidando, olhando para os lados para ver se não tem alguém seguindo. Eu me sinto insegura. Aqui no Ópera é um ponto que tem bastante brigas, confusões, constantemente é chamada a polícia aqui, deveria ter mais policiamento, principalmente de manhã cedo.
Moradora do bairro Cruzeiro, Dulcemar Silva de Oliveira, 50, passa todos os dias pela parada rumo ao trabalho, no Madureira. Sempre chega por volta das 6h45min e, assim como Michele, acredita ser necessário um ponto fixo de policiamento no local.
— Tem que estar cuidando se não tem alguém trás, ficar segurando a bolsa o tempo todo, é bem complicado. Segunda-feira de manhã e sexta são os dias mais perigosos, porque ficam sempre rodeando, nós como mulheres nos sentimos frágeis, porque se vier um homem e tentar nos atacar, vamos fazer o quê? — questiona Dulcemar.
Já o eletricista Bruno Fernando da Silva Franzon, 32, diz que se sente seguro utilizando a parada. Todos os dias passa pelo Ópera, saindo do bairro Santa Fé, onde mora, para ir ao Salgado Filho, em que trabalha.
— É tranquilo, as câmeras passam uma segurança, no final da tarde sempre tem polícia fiscalizando — resume.
Caso em investigação
A briga que resultou em duas pessoas feridas com uma faca está sendo investigada pelo delegado Caio Márcio Fernandes, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP). Segundo ele, até a segunda-feira (24), a autoria e os fatos estavam praticamente elucidados. Ele não passou informações sobre as vítimas, mas disse que seguem internadas e em estado estável.
O delegado diz ser necessário desmistificar que as armas brancas são menos ofensivas do que as de fogo. Conforme ele, desde o segundo semestre do ano passado, a grande maioria das mortes violentas e as tentativas em Caxias tem relação com discussões de momento, e não ligação com o tráfico de drogas, como em outros momentos.
— Os indivíduos, geralmente nestes contextos de armas brancas, são usuários de drogas ou pessoas que fazem uso contumaz de álcool, ou discussões pontuais em que naquele momento a pessoa se mune de uma faca. Temos identificado que esse contexto de disputas pessoais, muitas vezes uma briga na hora, um ato de momento, tem sido a grande maioria dos casos que chega à delegacia de homicídios — explica.