Reinvindicação de mais de cinco anos, o estande de tiros será inaugurado na Central de Polícia de Caxias do Sul nesta quarta-feira (18). O espaço possibilitará a realização de perícias em armas na Serra, evitando que policiais precisem levar este armamento para o laboratório de Porto Alegre — o que é considerado uma operação de risco e gera custos. No ano passado, 907 armas apreendidas na região e que foram levadas até a Região Metropolitana.
A solenidade de inauguração está marcada para as 10h. O estande fica no subsolo da Central de Polícia, no bairro Jardim Margarida. O subchefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes, e a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), perita criminal Heloísa Helena Kuser, participam da solenidade, que observará os protocolos de prevenção contra a Covid-19.
— É um projeto antigo, uma necessidade percebida na região, porque é fundamental dar agilidade a estas perícias. Ganharemos tempo em investigações e nos processos, que terá respostas mais rápidas. Ir e retornar para a Serra levava tempo, gerava custos e oferecia riscos aos nosso policiais — explica o delegado regional Cleber dos Santos Lima.
Hoje, a média é de 30 dias para os resultados retornarem. Com a realização em Caxias do Sul, a expectativa é as perícias serem concluídas em sete dias.
— A nossa ideia é começar a fazer as perícias de funcionalidade das armas de fogo. O Judiciário, muitas vezes, quer saber se as armas são eficazes para disparos. Devemos começar em março, pois faltam algumas ferramentas, e fazer estas perícias em até sete dias. Será feito pela nossa equipe, absorveremos mais este tipo de perícia na Serra — destaca Airton Kraemer, responsável pela 2ª Coordenadoria Regional de Perícias (2ª CRP).
A parceria estratégica entre a Polícia Civil e a 2ª CRP na Serra era trabalhada há, pelo menos, cinco anos e contou com apoio do Poder Judiciário e de empresários da região para sair do papel. A preparação deste laboratório faz parte de um desejo ainda mais ambicioso.
— A perícia de funcionalidade é o primeiro passo dentro da área de balística. No futuro, pretendemos ter equipamentos para fazer a verificação da numeração de armas e até micro comparação balística. Cada vez mais atender toda a demanda da Serra — explica Kraemer.
A micro comparação é uma perícia capaz de reconstituir um projetil e apontar se ele foi disparado por determinada arma ou não. Confirmar a arma de um assassinato é uma prova técnica e essencial para investigações de homicídios. Por enquanto, não há qualquer previsão deste exame ser feito na Serra e estas armas continuarão a ser levadas para a Região Metropolitana, onde são feitas as perícias solicitadas por todo o estado.
— O ápice seria fazer esta micro comparação balística (no novo laboratório). Para Porto Alegre, está sendo adquirido um micro comparador digital que irá automatizar e agilizar esta perícia. Este equipamento deve começar a operar até o final do ano e, consequentemente, a tendência é que estas perícias ganhem agilidade também — aponta Kraemer.
Estande também permitirá mais treinamentos de policiais
O estande de tiros mede 200 metros quadrados, com aproximadamente 40 metros de extensão. A escolha pelo subsolo da Central de Polícia garante a segurança da prática. A obra só foi possível graças as doações da Varas de Execuções Criminais Regional, de R$ 46 mil, e do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), de R$ 34 mil, totalizando R$ 80 mil investidos na reforma do espaço. Este dinheiro do Consepro é oriundo de quase 40 empresas, que fazem repasses mensais para o fundo de apoio às forças policiais.
Além das perícias, o estande possibilitará a prática de tiro por parte de todos os policiais da Serra. Estes treinamentos são considerados indispensáveis para a segurança dos agentes de segurança. Até então, os policiais procuravam espaços por conta própria e criavam parcerias com a iniciativa privada.
— É uma atividade econômica que Caxias do Sul é pródiga, com várias casas de armas, estandes e clubes de tiros. Só que agora o policial poderá treinar em sua própria casa. É objetivo e prático, porque fica dentro das nossas instalações. Policiais mais treinados é uma segurança a mais comunidade — ressalta o delegado Cleber.