Ao contrário do que afirmou o delegado Augusto Cavalheiro Neto na quarta-feira (2), que o diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental João de Zorzi, Jeferson Carvalho, também seria o alvo dos adolescentes que esfaquearam uma professora de inglês, ele afirma que o ataque foi "um caso isolado". Em entrevista à Gaúcha Serra, Carvalho contou que ainda na terça-feira (1°) recebeu, de uma aluna, essa informação, mas que não acredita ser verdadeira.
— Recebi a notícia com um pouco de desgosto, mas sei que foi um ato isolado. Se eu fosse o alvo, eles não tinham atacado outra pessoa — disse o diretor.
Durante a entrevista, Carvalho confirmou que os pais dos adolescentes suspeitos do ataque, de 14 e 15 anos, e de outros dois alunos, haviam sido chamados na escola um dia antes em virtude de "uma brincadeira desagradável dentro da sala de aula". No entanto, apenas os pais de dois estudantes compareceram.
— Esses alunos receberam, na verdade, uma advertência por escrito, o que, talvez, tenha sido o estopim para que eles se organizassem para fazer alguma coisa que não estávamos esperando. Mas eles têm histórico de relatos pedagógicos, mais com relação a não fazer as atividades na escola. Eles eram hostis, mas no sentido de palavrões e no tratamento entre eles. Mas nada contra professores e funcionários — garante.
Segundo Carvalho, em nenhum momento ocorreram ameaças por parte de alunos aos professores e funcionários da Escola João de Zorzi. A turma que presenciou o ataque, no turno da tarde, deverá receber um atendimento especial nesta quinta-feira (3).
— Nessa turma nós vamos fazer algumas ações pedagógicas, psicológicas, e também vamos ouvir os alunos com relação às questões que possam incomodá-los. Também esperamos que eles retomem as atividades na normalidade, na medida do possível, para que nós possamos seguir. A gente precisa seguir, precisa ser resiliente nesse momento, tanto nós, professores, quanto os estudantes — diz.
Uma terceira adolescente apreendida, uma menina de 13 anos, foi ouvida pela polícia e liberada, pois o delegado plantonista não teve certeza da participação dela, fator que é necessário para a apreensão em flagrante. Sobre ela, o diretor diz que a situação será avaliada pela Secretaria Municipal da Educação (Smed).
Os adolescentes envolvidos na infração criminal foram encaminhados para a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase).
A professora de inglês esfaqueada teve alta hospitalar na tarde de quarta-feira (2). Contatada pela reportagem, ela disse que está "ainda em choque e tentando entender tudo que aconteceu".
Confira a entrevista com o diretor:
