A Polícia Civil de Caxias do Sul recapturou um assaltante que chegou a ser condenado a 99 anos de prisão. Após recurso, porém, a decisão de 2006 foi reduzida e Evorton Rodrigues, 43 anos, possui uma pena total de 62 anos e 10 meses de reclusão — sendo 46 anos e cinco meses ainda a cumprir.
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Apesar da longa pena a cumprir, Rodrigues progrediu para o regime semiaberto em outubro de 2016 e teve a tornozeleira eletrônica instalada em 26 de abril do ano passado. Três dias depois, o apenado aproveitou do benefício para escapar da vigilância do Estado. O assaltante condenado passou a situação de foragido e era procurado desde o dia 10 de maio de 2017.
Na tarde desta quarta-feira, por volta das 16h, o Rodrigues foi encontrado em uma residência do bairro Centenário graças a uma denúncia anônima feita a Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec). Recapturado, ele voltará a cumprir pena em regime fechado.
Foragido foi sentenciado a 99 anos de prisão em 2006
A primeira condenação de Rodrigues foi em 2001, quando foi sentenciado a sete anos e seis meses pelo crime de roubo e extorsão. Já reincidente, no dia 2 de outubro de 2006, Rodrigues foi condenado a 99 anos e sete meses de reclusão. A decisão da juíza Sonáli da Cruz Zluhan era referente a investigação de 13 roubos majorados, além de porte ilegal de arma de fogo e receptação.
Na época, a magistrada relatou que as circunstâncias dos delitos eram sempre as mesmas, pois "o denunciado ingressava na residência, à noite, amarrava as vítimas e as colocavas em um dos cômodos da casa". Rodrigues, e seus comparsas, permaneciam na moradia das vítimas por mais de hora, "onde comiam, bebiam e fumavam". Após, fugiam nos carros subtraídos, sempre fazendo ameaças.
Na decisão, a juíza Sonáli ressaltou que os motivos dos crimes era o lucro fácil e que "houve conseqüências, eis que muitas das vítimas ainda se mostravam abaladas, com muito medo, sendo que algumas necessitaram realizar tratamento especializado".
Um dos assaltos julgados naquele processo foi contra o agricultor Nelson Antônio Piccoli, que teve o dedinho do pé direito arrancado por um tiro de um dos assaltantes. Na ocasião, no dia 2 de outubro de 2005, os bandidos utilizaram uma tora de eucalipto — tomaram distância e depois correram em direção a porta — para arrombar a casa em uma propriedade rural de Monte Bérico. Os criminosos obrigaram a família ficar quase duas horas trancados no banheiro, enquanto recolhiam os pertences de valor.
No ano seguinte da condenação a 99 anos, após recurso em instância superior, a pena aplicada a Rodrigues foi reduzida para 38 anos e dois meses de reclusão. Além de Rodrigues, também foram condenados naquele processo Ângelo Cristiano Pinto e Ronaldo Marques da Silva por participação em parte dos assaltos, além de duas mulheres por receptação — elas desfilavam próximo as residências dos assaltantes condenados com roupas e joias roubadas das vítimas.
Assaltante também foi condenado por morte de advogado na Zona Norte
Em outro processo, também julgado em 2006, Rodrigues foi condenado a 23 anos pelo latrocínio do advogado Henrique Martins da Silva, que tinha 42 anos na época. O crime ocorreu na madrugada de 16 de novembro de 2005, no loteamento Altos do Seminário, durante uma tentativa de roubo.
O crime comoveu os moradores da Zona Norte, na época, pela violência e ousadia. Pela versão de testemunhas, Evorton e outros dois homens invadiram a casa da vítima pelo telhado. O advogado percebeu a movimentação e, ao verificar o que estava acontecendo, surpreendeu o trio tentando entrar.
Martins gritou com os invasores, que caíram em uma das peças da casa pelo forro de gesso, e foi alvejado com vários disparos de arma de fogo. A vítima levou um tiro na cabeça, vindo a morrer depois no hospital. Os três ladrões fugiram pelo portão principal da casa.
Um segundo acusado acabou absolvido durante o julgamento por falta de provas e o terceiro envolvido não foi identificado pela investigação.